Após três anos do governo de Jair Bolsonaro (PL) e de um declarado menosprezo deste às instituições democráticas, o Brasil enfrenta um agravamento do autoritarismo e da repressão. No dia 28 de março passado, uma equipe da Repórter Brasil foi abordada por dois policiais militares ao tentar agendar entrevista na sede da mineradora inglesa Brasil Iron, em Piatã (BA).
Os dois jornalistas aguardavam uma resposta ao pedido de entrevista na sede da mineradora inglesa quando foram abordados. Os policiais informaram que a empresa acusou os profissionais da imprensa de terem invadido propriedade privada.
Porém, como o crime não se configurou, a empresa tentou pedir a apreensão das imagens captadas.
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De acordo com informações divulgadas no próprio site da Repórter Brasil, os repórteres Daniel Camargos e Fernando Martinho foram orientados por advogados da empresa de comunicação a não entregar os registros. Afinal, seria necessário uma autorização judicial para isso.
Como não houve acordo entre os jornalistas e a mineradora, todos seguiram para a delegacia do centro da cidade. Algumas horas depois os repórteres foram liberados.
Os jornalistas informaram que foram recebidos na Brazil Iron pelo gerente de logística, Roberto Mann, que os convidou a uma sala de reunião onde estavam dois executivos ingleses da empresa. Eles explicaram como seria a reportagem e os esclarecimentos que buscavam da mineradora, o gerente pediu que esperassem e chegou a servir café aos dois.
Após uma hora de espera, dois policiais chegaram e disseram estar ali a pedido da mineradora. Um deles empunhando um fuzil. A informação foi de que receberam a denúncia de que os jornalistas teriam invadido a mineradora dias antes. A acusação não foi confirmada e a empresa resolveu solicitar as imagens produzidas pela reportagem.
“Os repórteres foram, surpreendentemente, pressionados pela empresa e pela PM enquanto aguardavam para ouvir o posicionamento da Brazil Iron dentro de suas instalações. É uma clara tentativa de intimidação ao trabalho jornalístico, de cerceamento da liberdade de imprensa, que não pode ser aceita”, afirma Leonardo Sakamoto, diretor da Repórter Brasil.
No DF jornalista tem festa interrompida pela PM por gritar: Fora Bolsonaro
Em Brasília, o jornalista Sylvio Costa, fundador e editor do site Congresso em Foco, teve sua festa de aniversário de 60 anos interrompida por uma ação arbitrária da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF).
A situação ocorrida na última sexta-feira (01) depois que um morador do prédio em frente acionou forças policiais após os convidados gritarem “Fora Bolsonaro”.
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Sylvio recebeu uma ligação do porteiro que informou a presença da polícia. “Eu desci e os policiais me falaram que eu tinha que assinar o TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência). Caso contrário, me levariam para a delegacia, pois havia inúmeras reclamações de vizinhos.”
“Estou respondendo por perturbação da ordem pública, uma contravenção, sendo que ninguém no meu prédio reclamou para mim nem para o porteiro do barulho da música ou pediu para baixar o som”, relatou.
Para o jornalista, esses episódios reforçam a ideia de que no governo Bolsonaro avançam a cada dia o autoritarismo e a repressão. “Está acontecendo algo muito estranho e grave no Brasil”, disse, se referindo ao estímulo à violência. “Há muitos clubes de tiro e muita gente comprando arma”.
“Há um risco real de que o Bolsonaro não aceite o resultado das eleições e as PMs, muito provavelmente, têm algo a ver com isso. O Bolsonaro tenta dar um golpe há dois anos e a polícia está muito arbitrária e politizada”, alertou Sylvio.
Com informações da Repórter Brasil e da Revista Fórum