Segundo estudo do Ministério da Economia, o auxílio emergencial de R$ 600 removeu temporariamente da extrema pobreza 72% dos domicílios brasileiros que receberam os recursos. Foram utilizados os critérios do governo federal, que considera pertencentes a esse grupo famílias com renda mensal de até R$ 89 per capita.
Para chegar à conclusão, técnicos da pasta dividiram a análise dos beneficiados em dez faixas de rendimento, sendo a mais vulnerável aquela com renda de até R$ 56,62 mensais por pessoa.
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No entanto, a linha da extrema pobreza usada pelo governo é mais baixa do que as adotadas por organismos internacionais. A Organização das Nações Unidas (ONU), por exemplo, considera que está na categoria quem tem renda mensal de US$1,90 por dia (ou R$ 304,38 mensais, considerando a cotação desta quinta, 9).
Caso fosse utilizado o critério da ONU ao estudo do ministério, 32% dos domicílios beneficiados saíram da extrema pobreza durante o período de concessão do auxílio emergencial.
Auxílio não combate a desigualdade
Embora o Ministério da Economia afirme que o programa é concentrado nos 30% mais pobres da população e seu direcionamento à pobreza só é menor que o Bolsa Família, pesquisadores alertam que estudos próprios da instituição vão na mesma direção da análise sobre o ganho de renda com o auxílio.
Para a Folha, o pesquisador da área de Economia Aplicada da FGV Ibre, Daniel Duque, ressalta que o auxílio não foi desenhado para combater a desigualdade, mas para repor rendimentos informais reduzidos ou perdi dos devido à pandemia.
Para Duque, o programa deve continuar enquanto perdurarem os efeitos da pandemia e, em seguida, deve ser pensado um programa social mais abrangente e de maior orçamento do que o Bolsa Família, mas não tão caro quanto o auxílio emergencial.
Mais caro do pacote anticrise, o auxílio emergencial demanda R$ 254,2 bilhões e já representa mais que o dobro do déficit primário registrado pelo governo em 2019.