A 1ª Revolução Industrial, também chamada “era do carvão e do ferro”, ocorreu na Inglaterra, no século XVIII (1780-1830). A Inglaterra foi o primeiro país a desencadear esta revolução. Embora tenha causado mudanças não só na indústria, mas também na agricultura, pecuária, comércio, etc., as mais profundas se deram nos meios de produção. Foi introduzida a prática mecânica, com máquinas a vapor e a carvão, o trabalho assalariado, e a sociedade deixou de ser rural para ser urbana. A 2ª Revolução Industrial, que ficou conhecida como a “era do aço e da eletricidade”, ocorreu no período de 1860 a 1900. Ao contrário da 1ª Revolução Industrial países como Alemanha, França, Rússia, Itália e Estados Unidos também se industrializaram. O emprego do aço, a utilização da energia elétrica e dos combustíveis derivados do petróleo, a invenção do motor a explosão e o desenvolvimento de produtos químicos foram as principais inovações desse período. A indústria automobilística assume grande importância nesse período. O sistema de técnica e de trabalho desse período é o fordista, termo que se refere ao empresário Ford, sistema que se tornou o paradigma de regulação técnica e do trabalho conhecido em todo o mundo industrial até a década de 1970.
A 3ª Revolução Industrial tem início na década de 1970 do século XX. As atividades tornam-se mais criativas, exigem elevada qualificação da mão de obra e têm horário flexível. Foi uma revolução técnico científica desenvolvida pelos engenheiros da Toyota, indústria automobilística japonesa, que aboliu a função de trabalhadores profissionais especializados para torná-los especialistas multifuncionais. A organização do trabalho sofre uma profunda reestruturação. Dela resulta um sistema de trabalho polivalente, flexível, integrado em equipe, menos hierárquico. Após a década de 1970 ocorreu a Revolução Informacional ou Pós-industrial. É errôneo denominar 4ª Revolução Industrial ao que vem acontecendo após a 3ª Revolução Industrial porque as mudanças que estão ocorrendo não têm apenas a indústria como seu espaço de aplicação. Estas mudanças estão presentes em toda a sociedade que pode ser denominada de pós-industrial. A Sociedade pós-industrial é o nome proposto por Daniel Bell, sociólogo norte-americano e professor emérito da Universidade Harvard, para uma economia que passou por amplas mudanças após o processo de industrialização.
A Sociedade pós-industrial é marcada por um rápido crescimento do setor de serviços, ao contrário da sociedade industrial, e um rápido aumento da tecnologia da informação tendo o conhecimento e a criatividade como as matérias primas cruciais de tais economias. É por isto que a era Pós-industrial é conhecida também como a era da Informação e do Conhecimento. Após a década de 1970, passou a existir, portanto, um tipo de sociedade que já não era baseada na produção agrícola, nem na indústria, mas na produção de informação, serviços, símbolos (semiótica) e estética. A sociedade pós-industrial se diferencia muito da sociedade industrial e isso se percebe claramente no setor de serviços, que absorve hoje cerca de 60% da mão de obra total, mais do que a indústria e a agricultura juntas, pois o trabalho intelectual é muito mais frequente do que o trabalho manual e a criatividade e mais importante do que a simples execução de tarefas especialmente nos países economicamente mais desenvolvidos.
Udo Gollub, CEO e fundador da empresa Sprachenlemen24 de Munique, fez conferência em Messe Berlin na Universidade da Singularidade quando apresentou previsões tecnológicas disponíveis no website Udo Gollub, que se forem confirmadas reforçarão a Revolução Informacional ou Pós-industrial que vivenciamos. Em síntese, Udo Gollub afirma que: 1) o software irá destroçar a maioria das atividades tradicionais nos próximos 5-10 anos como o UBER vem fazendo com o serviço de táxis; 2) a Inteligência Artificial como a WATSON, da IBM, poderá oferecer aconselhamento jurídico (por enquanto em assuntos mais ou menos básicos) dentro de segundos, com 90% de exatidão se comparado com os 70% de exatidão quando feito por humanos; 3) em 2030, os computadores se tornarão mais inteligentes do que os humanos; 4) em 2018, os primeiros veículos serão dirigidos automaticamente; 5) ao redor de 2020, a indústria automobilística tradicional começará a ser demolida e a maioria das empresas fabricantes de carros poderá falir porque as companhias tecnológicas (Tesla, Apple, Google) adotarão a tática revolucionária construindo um computador sobre rodas; 6) carros elétricos se tornarão dominantes até 2020; e, 7) o preço da energia solar vai cair de tal forma que todas as mineradoras de carvão cessarão suas atividades ao redor de 2025.
Udo Gollub acrescenta que: 8) haverá impacto sobre a área da saúde porque teremos companhias que irão construir um aparelho médico (chamado Tricorder na série Star Trek) que trabalha com o seu telefone, fazendo o escaneamento da sua retina, testa a sua amostra de sangue e analisa a sua respiração (bafômetro). Ele analisará 54 bio-marcadores que identificarão praticamente qualquer doença; 9) o preço da impressora 3D mais barata caiu de US$ 18.000 para US$ 400 em 10 anos e se tornou 100 vezes mais rápida; 10) 70-80% dos empregos desaparecerão nos próximos 20 anos; 11) até 2020, haverá aplicativo chamado “moodies” (estados de humor) que já é capaz de dizer em que estado de humor a pessoa está e pode saber se a pessoa está mentindo pelas suas expressões faciais; 12) o BITCOIN (dinheiro virtual) pode se tornar dominante em 2020 e poderá até mesmo tornar-se moeda-reserva padrão; 13) ao redor de 2036, as pessoas poderão viver bem mais do que 100 anos; e, 14) até 2020, 70% de todos os humanos terão um smartphone.
Um fato é evidente: a sociedade vive, mais do que nunca, sob os auspícios e domínios da ciência e da tecnologia. A propaganda que se faz da ciência e da tecnologia é tão intensa que uma parcela significativa das pessoas acredita que elas só trazem apenas benefícios para a sociedade. Para o homem, a tecnologia torna a vida mais fácil, mais limpa e mais longa. O homem cultiva uma relação de dependência crescente em relação à ciência e à tecnologia na era contemporânea. É um comportamento habitual de grande parte da sociedade considerar a ciência e a tecnologia como libertadoras da humanidade dos fardos do trabalho e das ameaças representadas pelas forças da natureza. Somando a tudo isso, existe a visão generalizada de que o progresso científico-tecnológico traz não apenas o avanço do conhecimento, mas também como uma melhoria real, inexorável e efetiva em todos os aspectos da vida humana.
A ciência não é vista apenas como libertadora, mas também como desumanizadora e escravizadora da vida humana. O crescimento descontrolado da tecnologia tem contribuído para destruir as fontes vitais de nossa humanidade ao criar uma cultura sem uma base moral. A tecnologia tem conformado nossas vidas porque estamos à mercê de sistemas interconectados e, o que é grave, porque estamos submissos à sua autoridade, moldando-nos ao seu funcionamento. A onipresença da tecnologia no mundo atual, aliada à sua maior complexidade, dá lugar a uma situação bastante problemática.
Tudo isto que acaba de ser relatado com base nas previsões de Udo Gollub impactará negativamente sobre o mundo do trabalho porque poderá levar ao fim do emprego e a consequente queda na demanda colocando, também, em xeque o capitalismo como sistema mundial. Isto significa dizer que o avanço científico e tecnológico poderá levar o sistema econômico atual ao colapso apontando a necessidade da invenção de um novo sistema econômico. Não será certamente no capitalismo que o mundo poderá conciliar as maravilhas da ciência e da tecnologia com o fim do emprego. Outro sistema econômico terá que ser inventado no qual a ciência e a tecnologia atuarão como libertadoras da humanidade dos fardos do trabalho.