Segundo denúncias de diversos beneficiários nas redes sociais, criminosos têm se utilizado do intervalo de tempo entre o depósito do auxílio emergencial no Caixa Tem e a data em que o saque do dinheiro é liberado para roubar os valores parados nas contas virtuais. Eles alegam os golpistas conseguem movimentar o recurso trocando o e-mail e o telefone cadastrados pelo usuário.
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Ao baixar o aplicativo Caixa Tem, necessário para a movimentação da segunda parcela do auxílio, a produtora cultural Nane Barbosa, de 31 anos, recebeu a informação de que seu CPF já estava cadastrado, e com e-mail e telefone que não eram os seus.
Após entrar em contato com a Caixa, ela conseguiu recuperar o acesso, e trocou os dados, colocando o e-mail e telefone certos. No entanto, dois dias depois, os criminosos haviam trocado novamente os dados de acesso ao aplicativo.
“Quando consegui entrar no aplicativo tinha um pagamento de um boleto que zerou a conta. E o pior é que o aplicativo não mostra detalhes das transações, como o número do boleto. Quando liguei para a Caixa, me informaram que tenho que fazer contestação de movimentação pessoalmente na agência. Mas tenho medo de sair na rua, pois tenho pais idosos”, conta a trabalhadora.
Ela teme não conseguir receber também a próxima parcela do benefício, que pode ser movimentada antes pelos criminosos:
“Não existe nenhuma arquitetura de segurança digital. Dois dias depois que eu consegui o acesso à minha conta, mudaram meu acesso de novo. E a Caixa não avisa que houve uma mudança. Então quando a nova parcela cair, pode ser que eu não consiga entrar na conta”, complementa.
Intervalo
O depósito da segunda parcela do auxílio para trabalhadores informais, autônomos, microempreendedores individuais (MEIs) e inscritos no Cadastro Único (CadÚnico) que não recebem o Bolsa Família foi feito entre os dias 20 e 26 de maio. No entanto, o recurso só ficou disponível para saque em dinheiro entre os dias 30 de maio e 13 de junho.
Denúncia
Procurada, a Polícia Federal informou que está atuando na prevenção de crimes relativos ao auxílio emergencial, em diversas frentes e em coordenação com outros órgãos. No entanto, perguntada sobre esse golpe específico, afirmou que “não se manifesta sobre eventuais investigações em andamento e nem sobre a existência ou não de investigações”.
A Caixa Econômica Federal foi questionada sobre qual a orientação para os beneficiários que são vítimas desses crimes, mas até o fechamento dessa matéria não havia se pronunciado. O banco também não respondeu se notifica os usuários do Caixa Tem sobre mudanças feitas no e-mail e telefone cadastrados.
Com informações do jornal O Globo.