
Sob o governo de Jair Bolsonaro (PL), que já reclamou que os “os livros didáticos têm muita cosia escrita” e que tem como aliado de primeira hora o deputado Daniel Silveira (União-RJ), que nem o próprio sabe o motivo de ter recebido medalha da Biblioteca Nacional, o país perdeu 764 bibliotecas públicas, entre 2015 e 2020, de acordo com o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), da Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo.
Os dados foram divulgados pela BBC News Brasil e revelam que enquanto em 2015 havia 6.057 bibliotecas públicas no Brasil, o número despencou para 5.923, em 2020, que é o dado mais recente do sistema.
O número, no entanto, pode ser ainda maior devido ao desmonte do setor pela gestão bolsonarista, inimiga declarada da educação e da cultura. Estão de fora dessa lista bibliotecas de escolas e universidades, voltadas para atender estudantes, professores e funcionários dessas instituições.
A BBC tentou contato com a Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, que ignorou os questionamentos sobre o fechamento de bibliotecas públicas voltadas para a população, especialmente, a mais carente que não tem acesso a livros muito menos livrarias.
Em vigor desde 2010 e que segue até 2024, o Plano Nacional de Cultura tem como meta que cada município do país tenha ao menos uma biblioteca. O que parece cada vez mais distante de acontecer.
Os estados que mais perderam bibliotecas foram São Paulo e Minas Gerais. Os dois estados concentram praticamente todas as instituições do tipo que foram fechadas. Das 764 que deixaram de funcionar, 698 estão nos dois estados, o que equivale a 91% do total. A maior parte delas são municipais.
Em São Paulo, o número caiu de 842 para 304, 70% do total de bibliotecas que deixaram de existir.
“É difícil concluir o motivo da variação (ou queda) de número de instituições. Sabemos que, infelizmente, muitas bibliotecas foram sendo fechadas ano após ano, mas não podemos afirmar, com certeza absoluta que estes são os números finais”, afirmou a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo à BBC News.
Em Minas, o número passou de 888 em 2015 para 728 em 2020.
“O Governo de Minas se responsabiliza pelos dados do cadastro estadual, sendo que em Minas Gerais, o número de bibliotecas públicas cadastradas no Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas, no dia de hoje [12/7] é de 752 equipamentos”, afirmou à reportagem a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais.
Absurdos bolsonaristas contra a educação
Em 2020, Bolsonaro reclamou do conteúdo dos livros didáticos. Não porque se atenha ao conteúdo, mas por em sua avaliação serem “um montão de amontoado de muita de coisa escrita” que ele queria “suavizar’.
Já em 2022, para além das cobranças de propina no Ministério da Educação por pastores sob orientação do ex-ministro Milton Ribeiro e do próprio Bolsonaro, de acordo com o ex-ministro, é um governo que defende o homeschoonling que para além de todos os problemas que representa, priva as crianças do convívio do ambiente escolar e de outras crianças.
Daniel Silveira, que tem como feitos destruir a placa em homenagem a ex-vereadora Marielle Franco, no Rio, e ameaçar a democracia e o Supremo Tribunal Federal (STF), que o levaram a usar tornozeleira eletrônica, foi ironicamente homenageado pela Biblioteca Nacional com a medalha da Ordem do Mérito do Livro.
O que fez com que homenageados devolvessem ou dispensassem a honraria, como Antonio Secchin e Marco Luchesi, que recusaram a comenda depois de saberem que Silveira a receberia.
Sem contar os cortes de recurso para a educação. Em janeiro deste ano, o governo cortou R$ 739,9 milhões do orçamento anual do Ministério da Educação.
Os recursos reservados para investimentos em educação pelo presidente Jair Bolsonaro em 2020, 2021 e 2022 foram os mais baixos no Brasil desde os anos 2000.