
À CPI da Pandemia no Senado, o ex-diretor substituto do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, o tenente-coronel da reserva Marcelo Blanco da Costa, afirmou nesta quarta-feira (4) que o policial Dominguetti era quem sempre ia atrás dele. O comentário foi feito em resposta a questionamento do senador Humberto Costa (PT-PE).
Costa afirmou que o coronel Blanco foi levar “um lobista da última categoria”, que nem tinha o que estava prometendo vender, para se encontrar com o diretor de Logística do Ministério da Saúde na época, Roberto Ferreira Dias.
Blanco disse ainda que imaginou, de boa fé que “estava tudo ok com a proposta” e que só depois viu que sempre faltava o documento de representação da AstraZeneca.
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Blanco ainda divulgou áudios trocados com Dominghetti, que mostram a negociação de “vacinas para o privado”.
Relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou que a negociação era “totalmente irregular”. Vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), lembrou que à época não havia nem mesmo a discussão da lei para venda de vacinas ao setor privado.
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General teria convidado Blanco para trabalhar na VTCLog
Marcelo Blanco disse que, enquanto trabalhava no Ministério da Saúde, recebeu convite para assumir a operação da VTCLog no Rio de Janeiro. Investigada pela CPI, a empresa obteve aditivos contratuais que superam em 18 vezes o valor recomendado pelos técnicos da pasta.
O convite foi feito, segundo Blanco, pelo general do Exército Roberto Severo Ramos, que ocupou a Secretaria Executiva da Secretaria-Geral da Presidência em 2019. Eliziane Gama (Cidadania-MA) classificou o convite como “muito estranho” e lembrou que a VTCLog também é investigada pelo Tribunal de Contas da União.
Insulto à CPI será comunicado a Arthur Lira, informa Randolfe
Durante a reunião da CPI, o depoimento do coronel Marcelo Blanco chegou a ser interrompido porque o deputado federal Reinhold Stephanes Junior (PSD-PR), estava, segundo Randolfe Rodrigues (Rede-AP), gravando um vídeo em que insultava os membros da comissão. Após a retirada do parlamentar, Randolfe informou que a CPI vai comunicar o ocorrido ao presidente da Câmara, Arthur Lira e, se possível, ao Conselho de Ética. Ele disse que a direção da comissão não admitirá qualquer tentativa de tumultuar os trabalho ou permitir atos de provocação e intimidação aos membros do colegiado.
Blanco nega pedido de comissão por aproximar Davati a MS
Após questionamento de Renan Calheiros (MDB-AL) sobre quanto seria o “acordo de remuneração” entre Marcelo Blanco e a Davati, o coronel da reserva afirmou que jamais fez pedido de comissionamento ou de vantagem à empresa. Renan contraditou a informação ao exibir mensagem de celular enviada por Dominguetti a Blanco com propostas contendo os valores das doses dos imunizantes e uma sugestão de comissionamento pela venda da vacina.
Blanco explicou que a mensagem foi colocada fora de contexto e disse que, por prospectar em Domenghetti uma possível parceria comercial, nunca chegou a pedir pagamento, apenas orientou os representantes da Davati sobre os ritos processuais do Ministério da Saúde.
Segundo Blanco, não houve pedido de propina em jantar
O ex-assessor do Ministério da Saúde Marcelo Blanco negou ao relator, Renan Calheiros (MDB-AL), que tenha havido pedido de propina em jantar num restaurante, em Brasília, em 25 de fevereiro. Blanco disse ainda não ter ideia de por que o cabo da PM Luiz Dominguetti tenha “inventado essa história”.
Omar acusa Blanco de advocacia administrativa
Omar Aziz (PSD-AM) acusou Marcelo Blanco de cometer o crime de advocacia administrativa. Para o parlamentar, o ex-servidor do Ministério da Saúde tentou intermediar contratos para a venda de vacinas à pasta. Omar mencionou uma mensagem em que o militar da reserva se compromete a auxiliar o representante da Davati Luiz Dominguetti em contatos no governo.
“Quando Dominguetti sai da reunião do Ministério da Saúde, manda mensagem para Vossa Excelência. Mostra uma advocacia administrativa muito clara para todos nós aqui. O senhor não estava negociando vacina para o privado. Era para o Ministério da Saúde”, diz Aziz.
Depoente admite ‘relação amistosa’ com Roberto Dias
O coronel Marcelo Blanco admitiu que tinha “uma relação amistosa” com Roberto Dias, ex-diretor do Ministério da Saúde acusado de cobrar propina para a compra da AstraZeneca. Blanco negou acusações feitas à CPI por Cristiano Alberto Carvalho, vendedor da Davati no Brasil. Segundo Carvalho, o militar seria “um assessor oficioso” de Dias. Marcelo Blanco disse ainda que não tinha relação de proximidade com o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
“Tinha dias que eu sequer via o general Pazuello. Eu não participava de reuniões de cunho estratégico, reuniões de gabinete de crise com outros secretários de áreas finalísticas. Meu cargo era consultivo”, explicou Blanco.
Jantar com Roberto Dias não foi casual, diz Blanco
Segundo o coronel da reserva Marcelo Blanco, o jantar do dia 25 de fevereiro no restaurante Vasto, em Brasília, com o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, não foi um encontro casual. Ele informou que soube do próprio ex-diretor de que este estaria no restaurante e sugeriu ao representante da Davati Medical Supply, Luiz Dominguetti, que se encontrava na capital, para passar no local e solicitar uma agenda no Ministério da Saúde.
De acordo com Dominguetti, teria sido nessa ocasião, o pedido de Roberto Dias de propina de US$ 1 para cada dose negociada na venda da vacina AstraZeneca ao governo.
Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL) consideraram contraditório Marcelo Branco ter buscado contato com Ricardo Dias quando o ex-diretor já não concentrava poder de decisão sobre as vacinas.
Blanco diz ter ido para Ministério por indicação de outro coronel
Ao explicar como foi trabalhar no Ministério da Saúde, Marcelo Blanco informou que o nome dele foi indicado ao então ministro Eduardo Pazuello pelo coronel Franco Duarte, amigo de Blanco há mais de 35 anos. A testemunha disse ainda acreditar que sua experiência profissional contribuiu para que assumisse cargo de assessoramento na Diretoria de Logística da pasta.
Com informações da Agência Senado