O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (17) que divulgará uma lista de países que compram madeira ilegal da Amazônia. Sem citar nomes, ele se queixou de “ataques injustificáveis” à política ambiental do governo durante Cúpula do Brics, bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
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Em discurso, Bolsonaro afirmou que esse rastreamento é possível com o uso de uma tecnologia desenvolvida pela Polícia Federal que, segundo ele, mostra o “DNA” da madeira, permitindo a localização da origem do material apreendido e exportado.
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, a operação do qual se refere foi deflagrada em 2017 e teve novas etapas nos anos posteriores. Chamada de operação Arquimedes, a investigação resultou na apreensão de 120 contêineres com 2.400 m³ de madeira extraída ilegalmente e que seria vendida para empresas importadoras na Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Itália, Holanda, Portugal e Reino Unido.
“Revelaremos nos próximos dias o nome dos países que importam essa madeira ilegal nossa através da imensidão que é a região amazônica, porque daí, sim, estaremos mostrando que estes países, alguns deles que muito nos criticam, em parte têm responsabilidade nessa questão”, disse.
Tanto os detalhes da operação quanto a tecnologia utilizada no laboratório da PF no Amazonas foram apresentados a embaixadores convidados pelo vice-presidente Hamilton Mourão para uma viagem à Amazônia.
Na apresentação aos embaixadores, no entanto, a menção aos países onde há receptores de madeira ilegal foi feita para pedir colaboração dos respectivos governos no combate a essa prática.
A fala de Bolsonaro vai por outro caminho e deve aumentar as tensões com esses países na arena ambiental, destacaram diplomatas ouvidos pela Folha.
Ibama facilitou exportação ilegal
O presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, publicou em fevereiro um despacho em que dispensou a necessidade de uma autorização específica do órgão para que outros países importassem o material extraído no Brasil.
Organizações como Greenpeace e ISA, tão criticadas pelo presidente, entram na Justiça para rever a regra. No processo, as organizações afirmam que o Ibama atendeu a um pedido das madeireiras que inclusive agradeceram o presidente do órgão pela medida.
De acordo com estudo do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgado em abril deste ano, dos 38 mil hectares de floresta amazônica no Pará explorados entre agosto de 2017 a julho de 2018, apenas 30% tinham autorização. Ou seja, 70% do total foram extraídos ilegalmente.
Dados do Instituto Centro Vida indicam que, em Mato Grosso, entre agosto de 2016 e julho de 2017 mais de 60 mil hectares da floresta foram explorados ilegalmente, representando 39% do total extraído pelas madeireiras.
Com informações da Folha de S. Paulo