O presidente Jair Bolsonaro (PL) revelou ter medo de ser preso caso não seja reeleito. Durante conversa com jornalistas em Orlando, nos EUA, enquanto saía de uma churrascaria, ele citou o que aconteceu com a ex-presidente da Bolívia, Jeanine Añez.
Jeanine foi condenada à prisão por tramar um golpe de Estado, em 2019.
“A turma dela perdeu, voltou a turma do Evo Morales. O que aconteceu um ano atrás? Ela foi presa preventivamente. E agora foram confirmados 10 anos de cadeia para ela. Qual a acusação? Atos antidemocráticos. Alguém faz alguma correlação com Alexandre de Moraes e os inquéritos por atos antidemocráticos? Ou seja, é uma ameaça para mim quando deixar o governo?”. Jair Bolsonaro
Bolsonaro sugeriu ainda que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que investiga a rede bolsonarista de distribuição de notícias falsas e de financiamento de ataques à democracia, seria um psicopata.
O ministro é alvo constante do presidente e apoiadores, principalmente por determinar decisões contrárias a bolsonaristas, a exemplo de Daniel Silveira e Roberto Jefferson.
“Isso nunca ocorreu no Brasil. Uma pessoa apenas decide. Ele faz um inquérito, que não tem a participação do Ministério Público, e investiga por fake news. O que esse cara tem na cabeça? O que é que ele está ganhando com isso? Quais são seus interesses? Ele está ligado a quem? Ou é um psicopata? Ele tem um problema”. Jair Bolsonaro
Bolsonaro cita os atos antidemocráticos, alvos de uma investigação em trâmite no STF que está nas mãos da pessoa na República que o presidente mais teme, o ministro Alexandre de Moraes. E aproveitou a fala em Orlando para cacetar novamente ministros do STF e do TSE. Mas ele sabe que uma ação decorrente disso não seria a única que teria que enfrentar ao deixar o cargo. Daí, o medo de deixá-lo.
Há também acusações de desvios de recursos de seu gabinete quando parlamentar (as chamadas “rachadinhas”), de sabotagem ao combate à covid-19 que aumentou significativamente o número de mortos, de ataques às instituições e ao regime democrático ou de qualquer um dos casos de superfaturamento ou pedidos de propina que pipocaram em seu governo.
No dia 27 de abril, a ex-presidente da Bolívia já havia aparecido em um discurso de Bolsonaro no Palácio do Planalto.
“Tenham certeza eu jamais serei uma Jeanine, jamais, porque primeiro eu acredito em Deus e depois acredito em cada um de vocês que estão aqui. A nossa liberdade não tem preço, digo mais, como sempre tenho dito: ela é mais importante que a nossa própria vida, porque um homem, uma mulher sem liberdade não tem vida”, disse Bolsonaro.
Com informações do Uol e A Tarde