A amizade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-lutador de MMA, José Aldo, é regada de repasse de recursos financeiros suspeitos e benefícios indevidos. No caso mais recente, foi revelado que Bolsonaro assinou um convênio que prevê um repasse no valor de R$ 200 mil do Ministério da Cidadania ao Instituto JAJ, ONG presidida pelo ex-atleta.
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Atualmente, José Aldo é o anfitrião do ex-mandatário na viagem à Flórida (EUA).
O acordo entre o projeto social de José Aldo e o governo Bolsonaro, que prevê a realização da Copa Cidadania de Jiu-Jitsu, no Rio de Janeiro (RJ), foi assinado em 5 de outubro de 2022, durante o período do segundo turno da eleição presidencial. No dia seguinte, o contrato foi publicado no Diário Oficial da União.
De acordo com a descrição da Copa Cidadania de Jiu-Jitsu apresentada por José Aldo, “o projeto atenderá 630 crianças e jovens entre 10 e 17 anos de ambos os sexos, todas as faixas e categorias, moradores de comunidades em vulnerabilidade social na cidade de Rio de Janeiro”.
No entanto, não houve nenhuma divulgação da Copa Cidadania de Jiu-Jitsu na internet ou nas redes sociais até hoje. O Instituto JAJ, por sua vez, sequer tem página oficial ou site.
De acordo com o UOL, Aldo também teve viagens a Brasília bancadas pela gestão anterior do governo federal. Uma delas para um encontro marcado com urgência pelo próprio gabinete de Bolsonaro. José Aldo recebeu R$ 845,50 a título de “diárias” para compromissos em 2020 e 2021.
A Secretaria Especial do Esporte também pagou as passagens de Aldo para os eventos, sempre entre Rio de Janeiro e Brasília, com custo total de R$ 6.008: a primeira viagem custou R$ 505, a segunda, R$ 1.823, e a terceira, R$ 3.680 — as duas últimas foram compradas em regime de emergência.
Esposa de José Aldo recebeu Auxílio Emergencial
Outra demonstração do “carinho” do governo Bolsonaro pela família é o fato da esposa do ex-lutador, Vivianne Pereira Oliveira, ter recevido auxílio emergencial durante a pandemia de Covid-19.
Segundo reportagem do jornal Extra, Vivianne recebeu seis parcelas de R$ 600 entre maio e outubro de 2020. O Portal da Transparência mostra que ela obteve, ainda, R$ 300 em novembro e duas parcelas do mesmo valor em dezembro.
Enquanto recebia o benefício, destinado aos setores mais vulneráveis social e economicamente da sociedade brasileira, a empresa aberta por Vivianne e seu marido comprou a mansão por 754 mil dólares, em 29 de junho de 2020. A informação foi trazida ao público com exclusividade por dois jornalistas; um deles é Diego Feijó de Abreu e a outra não pôde ser identificada através das suas redes sociais.
Bolsonaro está hospedado na casa de Vivianne e do ex-lutador desde 30 de dezembro. Ele decidiu fugir do país antes da posse presidencial, para não passar a faixa a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ex-presidente está em Orlando em um período sabático após deixar o cargo, sem previsão de retorno.