
O resultado da pesquisa Datafolha, que apontou o aumento da aprovação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), repercutiu entre parlamentares e políticos nesta sexta-feira (14). Mesmo com as mais de 100 mil mortes contabilizadas durante a gestão do atual mandatário brasileiro, o levantamento indicou a melhor avaliação do presidente desde o início de seu governo, elevando de 32% para 37% o percentual de brasileiros que avaliam seu governo como ‘ótimo’ ou ‘bom’.
Na avaliação do líder do PSB, deputado federal Alessandro Molon (RJ), o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas é fruto da nova tática de camuflar intentos autoritários, disfarçando seu desprezo com a crise sanitária. “Quanto menos Bolsonaro fala, mais escondidos ficam seu autoritarismo e sua incompetência – e, com isso, cai sua rejeição, apesar da trágica atuação em relação à pandemia e dos mais de 106 mil mortos”, opinou o parlamentar, recordando os números de vítimas pela doença já contabilizados no Brasil.
Trabalho do Congresso
A deputada federal Perpétua Almeida (AC), líder do PCdoB na Câmara, atribuiu a “conquista” de Bolsonaro à capitalização do trabalho feito pelos congressistas. “O fato é que, até a melhora na aprovação de Bolsonaro, é fruto do trabalho da oposição na Câmara, que lutou e conseguiu aprovar o Auxílio Emergencial, no valor de R$ 600 a R$ 1,2 mil. Bolsonaro, que defendia só R$ 200, está capitalizando. A Câmara não soube capitalizar o seu feito”, avaliou.
Esta também foi a percepção da deputada federal Áurea Carolina, pré-candidata a prefeita de Belo Horizonte pelo PSOL. “Bolsonaro está tentando capitalizar em cima da renda básica emergencial. ‘Bora’ espalhar a verdade, geral: a proposta do desgoverno era de um benefício de R$ 200, somente para trabalhadores informais. O auxílio emergencial foi uma conquista da mobilização popular e da oposição”, aclarou.
Fábrica de fake news
Companheira de partido, a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) não escondeu a indignação sobre o resultado. “O desempenho do presidente na pesquisa Datafolha se deu às custas de mentiras. Por meio de sua fábrica de fake news, o clã Bolsonaro ataca a imagem dos que realmente se preocupam com os problemas do país. Seguimos com o compromisso de sempre mostrar a verdade sobre esse governo!”, afirmou.
Carlos Lupi, presidente do PDT, também defendeu que a tática da oposição deve ser a de desconstruir as propagandas governamentais. “As últimas pesquisas mostram o aumento da popularidade de Bolsonaro por causa do auxílio emergencial. Nosso dever é informar a população. O auxílio no valor de R$ 600 foi aprovado graças ao Congresso Nacional. A gestão de Bolsonaro deixa, até agora, 105 mil mortos e o aumento crescente do desemprego. Não vamos deixar que o presidente continue enganando o povo brasileiro”, comentou.
Segurança alimentar
Professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Wilson Gomes fez um paralelo sobre a segurança alimentar de quem necessitava do auxílio e os governos do PT, que concederam o Bolsa Família à populações em fragilidade financeira.
“Cada um tem as suas prioridades, a de quem vive vendendo o almoço para comprar a janta é diferente das minhas. Quem nunca viveu uma situação em que a sua prioridade cotidiana é conseguir uma ou duas das refeições do dia, pode ter dificuldade de entender o que são R$600 assegurados. Só depois que sabemos que não iremos passar fome é que outras coisas podem ser consideradas”, sublinhou.
Perda de popularidade
Já a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR) preferiu enxergar os dados divulgados por uma outra ótica, analisando a perda de popularidade que era marca do atual presidente durante a eleição.
“Datafolha mostra que reprovação de 34% é quase igual à aprovação de 37% a Bolsonaro. Ele continua próximo do 1/3 que tinha há pouco mais de um ano. Para quem chegou ao governo com expectativa positiva de quase 70%, o prejuízo de popularidade continua grande.[…] Bolsonaro continua longe de ser bom presidente para um país em recessão, devastado por mais de 100 mil mortes, causadas por sua irresponsabilidade”, ponderou a deputada.
Bolsonaro e suas contradições
Otimista, o governador do Maranhão, Flávio Dino, avaliou que o bom desempenho de Bolsonaro nas pesquisas não se manterão por muito tempo diante dos escândalos diários que têm surgido envolvendo seu nome e seu governo.
“O ligeiro crescimento da popularidade de Bolsonaro não é sustentável, em face das muitas contradições que se acumulam na sua casa e nos palácios. Questão central para o campo progressista continua a ser gerar alternativa clara, viável e conectada com as necessidades da população”, defendeu.
Pouco confiável
Apesar da pesquisa melhorar a avaliação de Bolsonaro, ele continua vigorando entre os mandatários mais mal avaliados desde a redemocratização. Bolsonaro segue em segundo lugar na rejeição neste recorte de presidentes, que tem à frente da lista Fernando Collor.
Ele também segue sendo considerado inconfiável pela população, ainda que tenha atenuado a má impressão. Segundo o Datafolha, nunca confiam no presidente 41% dos brasileiros, enquanto 22% sempre confiam e 35%, confiam às vezes.