Por George Marques*
Li hoje cedo entre redes sociais de amigos um tanto estarrecidos após pesquisa DataFolha, divulgada nesta sexta (14), apontar que aprovação a Bolsonaro subiu e é a melhor desde o início do mandato. Chocante, mas é um fato.
Ainda: a rejeição ao presidente caiu dez pontos desde junho, quando prisão de Queiroz o fez submergir enquanto o auxílio emergencial era pago.
Segundo o Datafolha, 37% dos brasileiros consideram seu governo ótimo ou bom, ante 32% que o achavam na pesquisa anterior, feita em 23 e 24 de junho.
Mais acentuada ainda foi a queda na curva da rejeição: caíram de 44% para 34% os que o consideravam ruim e péssimo no período. Consideram o governo regular, por sua vez, 27%, ante 23% em junho.
Bolsonaro ampliou aprovação, principalmente, nas classes populares de renda mais baixa, onde o auxílio emergencial ajudou a segurar as pontas em meio à pandemia.
Deste caso fica a lição que quem vota em ideologia é a classe média. Nem o rico é ideológico, grande parte deles querem apenas ter seus interesses econômicos atendidos. E bem ou mal, Bolsonaro encarnou para si os benefícios da proteção social do auxílio que fora aprovado pelo Congresso.
Outro dado importante divulgado pela Folha de S. Paulo nesta sexta é que o auxílio foi usado, principalmente, para compra de comida, o que reforça o triste papel de sobrevivência e subsistência de parte da população brasileira. Como esperar que essa massa de brasileiros se preocupe com o perfil ideológico do presidente? Não dá nem tempo.
Em tempo: como bem apontou nesta manhã o governador Flávio Dino, o ligeiro crescimento da popularidade de Bolsonaro não é sustentável, fruto das muitas contradições que se acumulam na sua casa e nos palácios. A questão central, segundo Dino, para o campo progressista continua a ser gerar alternativa clara, viável e conectada com as necessidades da população.
George Marques é jornalista, Relações Públicas, editor-chefe do Socialismo Criativo. Passou pelos veículos The Intercept Brasil, Revista Fórum e Metrópoles. Foi indicado ao Prêmio Comunique-se de Jornalismo Político.