
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro diz que a pandemia da Covid-19 está no “finalzinho” e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, demonstra enorme dificuldade em coordenar um plano de vacinação nacional, o Brasil confirmou o pior prognóstico sobre o avanço da doença, elaborado na gestão de Luiz Mandetta. Ontem, o país alcançou a marca de 180.437 mortes pela doença.
Ainda ontem o atual ministro da Saúde admitiu que a pandemia “não acabou” e “prossegue”, ao contrário do que dissera, no dia anterior, o presidente Jair Bolsonaro – para a plateia, afirmou que estava no “finalzinho”.
“A pandemia não acabou. Ela prossegue, vamos conviver com o coronavírus. Vamos chegar próximo a uma normalidade quando tivermos as vacinas, os antivirais que combatem efetivamente a doença”, disse Pazuello.
Ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta voltou a criticar a atuação do governo federal na pandemia, pedindo que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o general Eduardo Pazuello, atual chefe de sua antiga pasta, parem de “brincar” e “improvisar”. Ele atribuiu essa “bateção de cabeça” à formação dos dois, ambos militares.
“Se colocar um médico ou um padre para comandar uma guerra, médico e padre não sabem matar. Militar não sabe cuidar, não sabe curar, não sabe promover saúde, por isso está dando essa bateção de cabeça. É um capitão [reformado] e um general, e ninguém sabe para que lado a saúde pública vai. Estamos sob uma intervenção militar burra”, disse Mandetta em entrevista à GloboNews.
Em Um Paciente Chamado Brasil – Os Bastidores da Luta contra o Coronavírus, Mandetta relata:
“Um dos cenários, elaborado pelo médico Júlio Croda, diretor do Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, previa 180 mil mortes caso o país não adotasse as medidas necessárias de distanciamento social e padrões rígidos de higiene e proteção”, lembrou o ex-ministro, no livro que escreveu depois de ter sido demitido por contrariar Bolsonaro.
A equipe de Mandetta trabalhava ainda com mais dois cenários: o de Wanderson Oliveira, então secretário nacional de Vigilância em Saúde, que estimava “haver entre 60 mil e 80 mil óbitos”; e o do ex-secretário-executivo da pasta, João Gabardo, que calculava 30 mil mortes — foi tachado como “otimista demais”.
Desmentindo as palavras de Bolsonaro, a pandemia da Covid-19 não dá trégua. Ontem, foram registrados 6.836.227 infectados pelo novo coronavírus.