Em entrevista publicada nesta sexta-feira (01) na Isto É, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse ao jornalista Marcio Allemand que “essa eleição não é esquerda contra direita, mas a democracia contra o autoritarismo. Está em jogo o futuro do País”.
Siqueira ressaltou que a presença de Geraldo Alckmin ajuda a ampliar o espectro político da esquerda para o centro, “que é o Lula mais precisa. Aliás, nós todos da esquerda precisamos”. Disse também que a vinda de Alckmin foi muito positiva para o PSB, pois “ele pode nos ajudar a cumprir a tarefa de dar uma virada de página na política nacional”.
O socialista disse que é necessário haver unidade das diferentes forças políticas que lutam para superar esse momento de dificuldades e de ameaças à democracia.
Quando você procura as pontes comuns que nosso País precisa, você pode alargar os horizontes com os mixes ideológicos sem grandes problemas. Tudo isso compõe um mosaico político e econômico capaz de criar um projeto comum.
Carlos Siqueira
Ele é enfático ao dizer que “na hora que superarmos este momento, cada um pode até pegar seu rumo. O ponto X é saber para onde queremos levar essa unidade e que rumo nós queremos dar ao nosso País.”
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Para Siqueira, tanto Lula quanto Alckmin representam duas forças defensoras da democracia e sabem da necessidade de uma reforma política profunda e ampla. São dois líderes que conhecem a necessidade de levar o país de volta ao desenvolvimento econômico e social.
Lembrou que o próximo presidente vai encontrar um país deteriorado e por isso é fundamental fazer uma reforma política para sustentar a democracia.
“O sistema político se deteriorou ao ponto de gerar alguém como Bolsonaro, que foi eleito numa sigla praticamente de aluguel. O PSL tinha apenas dois deputados e ganhou a eleição derrotando os principais partidos e as principais lideranças do país. A eleição de 2018 representou a derrota do sistema político.”
Relação entre PSB e PT hoje
Um dos temas mais abordados pela Revista foi a relação entre o PSB e o PT e sobre o tema Carlos Siqueira ressaltou que cada um dos partidos tem um papel no cenário político. Porém ressaltou que quando for necessário a união ela ocorrerá.
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“Como é o caso das eleições presidenciais deste ano, cuja disputa é autoritarismo versus democracia. Se Bolsonaro por acaso ganhar, eu acho que o que há de democracia hoje, altamente fragilizada, acaba”, afirma.
Ainda sobre a relação com o PT, Siqueira enfatizou que ao longos dos anos foi um misto de convergências e divergências.
“Nós temos afinidades com eles em diversos pontos, mas temos uma cultura bem distinta. O PT é um partido de tendências políticas. Nós sequer admitimos a hipótese de tendências dentro do PSB. Pode haver diferença de opinião, mas tendências não.”
De acordo com o socialista, esta é uma das principais diferenças. E esse foi um dos principais motivos pelos quais não foi possível formar a federação.
“Em segundo lugar, porque a estrutura de poder que foi proposta ao PSB para a composição da federação, não estava de acordo com o que pensamos para o nosso partido. Numa federação você transfere material eleitoral e congressual. Com isso, ficaríamos impedidos de tomar nossas próprias decisões.”
E houve uma preocupação em evitar futuros conflitos. “O importante é que nós estamos unidos em torno do Lula para tentar derrotar Bolsonaro. As nossas diferenças não são tantas assim”.
Eleições estaduais
Outro ponto importante da entrevista foi a relação entre as duas legendas nos estados. Carlos Siqueira lembrou que o PSB apoia o PT na Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte e Piauí. E que o PSB tem o apoio do PT no Maranhão e em Pernambuco.
“Reivindicamos apoio do PT no Rio Grande do Sul, Espírito Santo e São Paulo. Nesses três estados não houve progresso nas negociações, mas segundo a Gleisi Hoffmann ainda temos o que conversar sobre esse entendimento”, afirma. Caso não exista progresso nas negociações, cada sigla terá seu próprio candidato.
Márcio França é o nome do PSB para o governo paulista. “Eu acho que ele tem melhores condições políticas de vencer a eleição do que o Fernando Haddad, podendo ampliar o espaço político mais ao centro em favor do próprio Lula”, conclui.
Carlos Siqueira abordou, também, assuntos como o eleitorado evangélico brasileiro, terceira via e o impeachment de Dilma.
*Para conferir a íntegra da entrevista acesse PSB 40 ou o site da Isto É.