Um dos símbolos que remetem à resistência democrática na Rússia, a rádio Ekho Moskvi – Eco de Moscou, foi fechada pelo governo de Vladimir Putin. A censura ao veículo, somada a tantos outros como a TV Djaj (chuva), impõe medo aos jornalistas, ameaçados pessoalmente por conta das reportagens sobre os ataques russos à Ucrânia.
O conselho da rádio foi dissolvido nesta quinta-feira (3). De acordo com reportagem de Igor Gielow, da Folha, a dissolução foi feita dois dias depois de a agência reguladora de comunicações Roskomnadzor determinar que ela deveria sair do ar até que adequasse sua cobertura do conflito.
A readequação consistia em retirar palavras como ‘guerra’ e ‘invasão’ das notícias.
O argumento, afirma o jornalista, é que a rádio estava “deliberadamente espalhando informação falsa sobre a ação de militares russos” e fazendo “um chamado informativo para atividade extremista e violência”.
Diante da recusa do conselho em ‘adequar’ a linha editorial ao posicionamento oficial, foi dissolvido.
A última TV independente russa, a Dojd – chuva, foi suspensa pelo motivo. Toda a mídia estatal ou emissoras ligadas ao governo tiveram de se adequar.
O termo aprovado pelo governo Putin para a guerra é “operação militar especial” que teria como objetivo “proteger o Donbass”.
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“Estamos apavorados”, afirma Ivan, um jornalista à Folha. O nome foi trocado a pedido do profissional.
“Parece-me que apenas protestos diários, como Alexei Navalni pediu, podem ser a saída. Mas temos de nos organizar, porque senão apenas viraremos novos Navalni, apodrecendo na cadeia”, disse o repórter, em relação ao líder opositor que foi preso no ano passado que inspirou megaprotestos ao longo dos anos.