
Os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), receberam na noite da terça-feira (23), das mãos do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), o texto da Medida Provisória (MP 1.031/2021) que trata da capitalização da Eletrobras. A proposta autoriza a privatização da estatal do setor elétrico.
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Também participaram da solenidade de entrega do texto, realizada no gabinete da Presidência do Senado, os ministros da Economia, Paulo Guedes, da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos e de Minas e Energia, Bento Albuquerque (Minas e Energia).
Após a entrega do documento, os presidentes da República, do Senado e da Câmara concederam uma entrevista coletiva. O presidente Bolsonaro garantiu que a agenda neoliberal privatista prossegue a todo vapor.
“A nossa agenda de privatização continua a todo vapor, porque nós queremos, sim, enxugar o Estado, diminuir seu tamanho, para que a nossa economia possa realmente dar a satisfação, dar a resposta que a sociedade precisa.”
Jair Bolsonaro
Pacheco destacou que a entrega feita pessoalmente pelo presidente da República é muito “simbólica”.
“É uma demonstração, um gesto por parte do presidente Bolsonaro de respeito ao Congresso Nacional. Nós agradecemos penhoradamente e vamos manter essa relação de cordialidade, respeito e independência entre os poderes, que é fundamental para o bem do Brasil.”
Rodrigo Pacheco
Lira informou que pretende colocar essa MP na pauta da Câmara já na semana que vem.
“É o primeiro passo do que podemos chamar de uma agenda Brasil com investimentos, capitalização, e uma pauta que andará com as reformas. Estamos cumprindo nosso papel com unidade, respeito e harmonia, que é o que o Brasil precisa.”
Arthur Lira
Mudanças no Programa Nacional de Desestatização
O objetivo da MP é sinalizar que o governo não retroagiu da agenda neoliberal após o mandatário intervir no comando da Petrobras. O texto da proposta inclui a Eletrobras e subsidiárias no Programa Nacional de Desestatização (PND) por meio da revogação de um trecho da Lei 10.848/2004 – aprovada durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que excluiu as empresas do programa.
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O conteúdo da MP é semelhante ao do projeto de lei proposto pelo governo em novembro de 2019 – que não andou – e ao elaborado pelo governo Michel Temer no início de 2018 – que acabou sendo arquivado. O governo Temer também já havia tentado privatizar a Eletrobras por meio de uma Medida Provisória, a MP 814, que acabou caducando em 2018.
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A principal diferença é que a nova MP condiciona quase todas as ações à aprovação do texto e sua conversão em lei. Na prática, portanto, apenas uma de suas medidas terá efeito imediato: a autorização para contratação de estudos para o processo por parte do BNDES. A capitalização, por exemplo, está condicionada à conversão da proposta em lei.
Eletrobras
A Eletrobras é uma empresa de capital aberto que tem como acionista majoritário o governo federal. É a maior companhia do setor elétrico da América Latina.
Também atua nos segmentos de comercialização e eficiência energética, além de ser responsável por iniciativas como o Programa Luz para Todos, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) e o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa).
Com informações da Agência Câmara, Agência Senado e Estadão