Três astronautas chineses, o comandante Nie Haisheng, seguido por Liu Boming e o estreante Tang Hongbo, abriram as escotilhas e flutuaram para o módulo residencial da estação espacial da China, Tianhe-1 nesta sexta-feira (18). Foi a primeira vez que os chineses entram na própria estação espacial.
A tripulação da Shenzhou-12 aumentou para 14 o número de astronautas enviados ao espaço desde a primeira viagem promovida pela República Popular da China, em 2003. O gigante asiático foi o terceiro país a mandar pessoas ao espaço, depois da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e dos Estados Unidos da América (EUA).
A última missão de vôo tripulado da China foi em 2016, quando dois homens – Chen Dong e Jing Haipeng – foram enviados pela espaçonave Shenzhou-11 para o módulo Tiangong-2, um protótipo da estação espacial onde permaneceram por cerca de um mês.
Embora o contato entre o programa espacial chinês e a agência espacial estadunidense seja restringido pelo governo dos Estados Unidos, o administrador da Nasa, Bill Nelson, deu os parabéns à China pelo lançamento bem-sucedido. “Estou ansioso pelas descobertas científicas que daí virão”, afirmou na mensagem.
Programa Espacial Chinês constante e cauteloso
O Programa Espacial Chinês teve início em 1956 com uma parceria entre o país e a União Soviética. O projeto de cooperação nas áreas da ciência, tecnologia espacial e desenvolvimento de foguetes durou até 1960, quando as duas nações romperam relações. A China continuou desenvolvendo seu programa de forma independente e começou a realizar lançamentos comerciais ao espaço em 1985.
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Na década de 1990, a China formulou um plano para a exploração espacial executado numa cadência constante e cautelosa. Pequim não participa da Estação Espacial Internacional, em grande parte devido às preocupações dos EUA sobre o sigilo do programa espacial chinês e suas conexões militares.
Apesar disso, espera-se que missões científicas estrangeiras e possivelmente astronautas estrangeiros visitem a estação chinesa no futuro, disse o diretor assistente da Agência Espacial Tripulada da China, Ji Qiming, a repórteres em Jiuquan.
China quer encontrar planetas adequados para a vida
Um projeto de exploração espacial fora do Sistema Solar foi anunciado pelo governo chinês em 2019. O objetivo da Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China (CASC) é encontrar planetas adequados para a vida. Uma série de naves com telescópios, detectores infravermelhos e outros sensores será lançada para procurar água e medir características que garantem a sobrevivência dos mais diferentes organismos presentes na Terra.
Em 2020, a China anunciou uma missão de exploração em Marte. Os chineses pretendem construir uma estação orbital perto da Terra e uma base na Lua, que será concluída até 2045. No ano passado, a China colocou em órbita quase 30 naves espaciais, tornando-se líder entre os países que investem neste setor.
Uma nova tripulação e suprimentos serão enviados em três meses. Cada tripulação terá três elementos, com capacidade para seis na estação, no momento da troca de tripulações. Dois dos antigos astronautas da China eram mulheres, e as futuras tripulações da estação vão incluí-las, segundo a agência espacial chinesa.
Mais rápido e confortável
O tempo de viagem diminuiu em relação aos dois dias necessários para chegar às primeiras estações espaciais experimentais da China, resultado de “muitos avanços e inovações”, disse o vice-chefe da missão, Gao Xu, à emissora estatal CCTV. “Assim, os astronautas podem ter um bom descanso no espaço”, afirmou.
Outras melhorias incluem um aumento no número de sistemas automatizados e controlados remotamente, que devem “diminuir significativamente a pressão sobre os astronautas”, acrescentou.
As autoridades chinesas também disseram que estrangeiros podem fazer parte de futuras equipes na estação, depois de as instalações estarem concluídas, no próximo ano.
A missão é a terceira de 11 planejadas até 2022, para ligar a Tianhe-1 a dois módulos de laboratório e enviar equipes e suprimentos. A atual tripulação vai realizar experiências científicas, trabalhos de manutenção, caminhadas espaciais e preparar a instalação de dois módulos adicionais.
China vai explorar o sistema solar
O programa espacial da China, que inclui ainda a exploração do sistema solar com naves espaciais robóticas, tem sido grande fonte de orgulho nacional, ilustrando a ascensão do país à segunda maior economia do mundo nas últimas quatro décadas.
No mês passado, o país pousou uma sonda em Marte, que transportou um rover para realizar uma série de tarefas, procurando principalmente por água congelada, que poderia fornecer sinais de vida antiga no planeta vermelho.
Antes, a China fez pousar uma sonda e um over no lado oculto da Lua. O país também trouxe as primeiras amostras lunares do programa espacial desde os anos 70, e as autoridades dizem que querem enviar astronautas chineses à Lua e, eventualmente, construir ali uma base para pesquisas.
Com informações da Agência Brasil