
A aproximação entre o ex-presidente Lula (PT) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), revelada pelo Globo nesta quinta-feira (29) mobilizou lideranças partidárias e a militância nas redes sociais, mas ganhou uma reação pouco amistosa ao menos da presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Sem citar Lula, Ciro usou seus perfis nas redes na manhã de ontem para defender o diálogo com “quem for necessário” como contraponto ao presidente Jair Bolsonaro. Lula e Ciro se encontraram em setembro, após trocarem farpas nos últimos dois anos, numa reunião intermediada pelo governador do Ceará Camilo Santana (PT).
“Ao redor desses valores, considero-me mais que autorizado, sinto-me obrigado a construir, no que estiver ao meu alcance, o diálogo possível com quem for necessário para proteger a nação brasileira”, escreveu Ciro.
Ciro destacou, porém, que o PDT fez alianças ao redor do país com partidos de centro-esquerda como o PSB, mas também está em coligações com o PSD, em Belo Horizonte, com o DEM, em Salvador e São Luís, e com o PSOL em Florianópolis e Belém. Ele não mencionou o PT.
Pedido de desculpas
Já a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou ontem que a reaproximação com Ciro passa por um pedido de desculpas ao partido e ao ex-presidente Lula.
“Lula é um homem generoso, de coração grande. Mas eu, particularmente, penso que qualquer aproximação com Ciro Gomes passa por um pedido público de desculpas dele ao Lula e ao PT, pelo que ele disse, principalmente ao Lula”, afirmou Gleisi, que não confirmou, nem negou a conversa entre os dois.
Mais cedo em entrevista a Rádio Arapuan FM, de João Pessoa, na Paraíba, Gleisi afirmou que “qualquer gesto que contribua para unir a oposição é importante“.
Tarso Genro: “Histórico”
Já o ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro Tarso Genro considera que o encontro Lula e Ciro foi “histórico” e que pode gerar frutos no futuro. Tarso tem atuação independente da direção partidária e tem trabalhado para unir as forças de esquerda desde o início do governo Bolsonaro.
“Em 2022, o governo de qualquer jeito irá terminar, e aí o Brasil precisa de uma renovação de métodos políticos, precisa de uma recomposição de diálogo político civilizado. Isso tem que ser concertado com as lideranças que têm grande credibilidade política. Se aconteceu, esse é um encontro histórico que promete muito para o próximo período”, afirmou o ex-governador, que considera cedo para falar em chapa em 2022. “Acho que isso tem que estar no horizonte, essa questão de 2022. Mas não pode ser a meta. Porque as forças políticas têm o direito de, em algum momento, apresentar suas características próprias para pleitear uma eleição presidencial”, afirmou.
Com informações do jornal O Globo