Os trabalhos iniciais para a transição do governo Bolsonaro (PL) para a gestão do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se iniciou. Atualmente, o petista participa da COP-27, no Egito. Entretanto, ele já afirmou que definirá os nomes dos ocupantes da Esplanada dos Ministérios quando retornar ao solo brasileiro.
A viagem para a Conferência do Clima iniciou na última segunda-feira (7) e deve encerrar na próximo dia 19.
Apesar de cedo, há uma pressão externa para que Lula divulge os nomes dos futuros ministros, principalmente quem ficará à frente do Ministério da Fazenda. De todos os ministérios que provavelmente existirão no novo governo, é o da Fazenda é o que tem mais nomes de possíveis ministros circulando: são 11.
Em seguida vem outra pasta na área econômica, o Ministério do Planejamento, hoje aglutinado no Ministério da Economia. A pasta tem 9 nomes cogitados.
O petista vem sendo cauteloso, dado o atual cenário do Congresso Nacional — que possui diversos nomes do primeiro escalão do governo Bolsonaro —, e a promessa de realizar uma gestão de centro.
O receio surge no fato de que, ao migrar um forte nome do Senado para a Esplanada, Lula pode ficar à mercê de partidos direitistas para garantir governabilidade. Em um cenário mais pessimista, a oposição poderia impedir que a gestão petista “engrenasse” pautas vitais do novo governo.
O cuidado não é em vão. O PL, partido de Bolsonaro e que declarou ser oposição, conta com uma bancada de, ao menos, 14 senadores.
O presidente eleito Lula conta, no grupo de parlamentares eleitos em outubro, com nomes de aliados experientes como Omar Aziz (PSD), Flávio Dino (PSB) e Wellington Dias (PT). Os recém-eleitos e os demais senadores progressistas, como Randolfe Rodrigues (Rede) e Eliziane Gama (Cidadania), terão que bater de frente a nomes como Sergio Moro (União), Damares Alves (Republicanos) e o atual vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), entre outros.
E mais que isso: o governo Lula terá de mostrar jogo de cintura para lidar com o Centrão, poderoso grupo político fisiológico, atualmente aliado a Bolsonaro, mas sem fidelidade integral ao atual mandatário.
Contudo, a equipe de transição, liderada pelo vice-presidente eleito Gerald Alckmin (PSB) está à todo vapor para aparar as arestas e construir a nova gestão que equilibre todos os ponderamentos no cenário que ele e Lula enfrentarão em 2023. Uma destas ações é a abertura de espaço no orçamento público para a viabilização de benefícios para a população, como o Bolsa-Família.
Nesta quinta-feira (10), o petista tem um encontro com parlamentares aliados e, segundo o Metrópoles, com o relator do Orçamento de 2023, o senador Marcelo Castro (MDB). “O petista pretende debater a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de Transição, que garante a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600, que voltará a se chamar Bolsa Família, e o aumento real do salário mínimo, além de outras promessas de campanha”, diz o site.
Se ainda é cedo para falar de nomes de ministros e ministras, é atual afirmar que, enquanto o presidente derrotado Jair Bolsonaro não deixa o Palácio do Alvorada, Lula e aliados vem trabalhando para reverter a situação do país. O cenário, de terra-arrasada e desmontes orçamentários e de políticas públicas, é legado do atual mandatário. O trabalho para reverter terá que ser ativo e à longo prazo, mas o pontapé inicial o petista já deu.