Com o desgaste na imagem do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, um assessor direto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem participado de missões diplomáticas a países cujas relações enfrentam dificuldades. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, o cargo rendeu ao almirante Flávio Rocha o apelido de “02 do Itamaraty” no Palácio do Planalto.
Sem status de ministro, mas considerado “os olhos e ouvidos” do presidente, o almirante é secretário especial da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) e viajou recentemente para a China e Argentina, países que já se posicionaram contra as falas polêmicas de Araújo.
Para assessores presidenciais, a postura aberta ao diálogo e a atitude cordial de Rocha são características que podem ajudar a melhorar a imagem do Brasil no exterior. E, por isso, consideram que a sua atuação junto a governos estrangeiros pode ser um ganho para a política diplomática brasileira.
Rocha também atua como uma espécie de “apaziguador” em questões internas do governo. Ele atuou para arrefecer crises políticas, ajudou na sucessão do Ministério da Educação e coordenou a transição do Ministério da Saúde em meio à pandemia do coronavírus.
Em agosto, o militar também representou o presidente em missão oficial ao Líbano para o transporte de auxílio humanitário ao país do Oriente Médio por causa de uma explosão no porto de Beirute. Na viagem, Rocha se aproximou do ex-presidente Michel Temer (MDB).
“Ele é de uma cordialidade absoluta e é muito competente nas conversas que teve comigo quando fomos ao Líbano. E ele é extremamente discreto e muito preparado intelectualmente.”
Michel Temer, em declaração à Folha de S.Paulo
No ápice do confronto com a China, que atrasou insumos farmacêuticos e vacinas contra a Covid-19, o nome do militar chegou a entrar na bolsa de apostas para substituir o chanceler. No entanto, Araújo ganhou sobrevida na pasta com a solução dos problemas, após a atuação nos bastidores dos ministros da Agricultura, Tereza Cristina, e das Comunicações, Fábio Faria.
Hoje, Bolsonaro não pretende trocar o chanceler. Em conversas reservadas, porém, ele não descarta que uma mudança possa ocorrer caso a imagem do país não sofra uma melhora em médio prazo.
Com informações da Folha de S. Paulo