
Sejamos francos: que o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), é um mentiroso de primeira não é nenhuma novidade. Em três anos e meio de mandato, inúmeras foram as vezes que os discursos do chefe do Executivo tiveram a veracidade questionada. Entre propagação de fake news e afirmações infundadas, Bolsonaro se mostrou um verdadeiro craque em desinformação.
Leia também: Vexame golpista de Bolsonaro foi obra dos militares do governo
Na mais recente “mentirada em série”, o mandatário atingiu um novo nível de informações falsas: o vexame. Diante de embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada, Bolsonaro voltou a contar lorotas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas e ainda citou teorias da conspiração ultrapassadas.
Tão ultrapassadas que a plataforma de vídeos, o Youtube, removeu vídeo em que Bolsonaro vomita inveracidades. O vídeo derrubado foi utilizado de referência para as falas aos diplomatas.
A repercurssão não poderia ser diferente. Nas redes sociais, a “mentirada” virou alvo de memes e piadas entre os internautas. No Twitter, várias foram as hashtags usadas para falar sobre a reunião. “Mentiroso da República“, “The Office“, “Jairnine“, “Embaixadores” e “Power Point” estão entre os assuntos mais comentados após o evento.
Desta vez, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi rápido e respondeu todas as 20 mentiras que Jair Bolsonaro afirmou sobre as urnas eletrônicas e o processo eleitoral brasileiro. Mas para aquele que ocupa o cargo máximo do Executivo, de nada adianta.
Por meio de uma profusão de mentiras, Bolsonaro vem fomentando a descrença nas urnas desde antes de seu governo. No entanto, ao invés de ser barrado por aqueles ao seu redor, o mandatário tem contado com o respaldo de militares, membros do alto escalão do governo e seu partido em sua cruzada contra a Justiça Eleitoral.
De acordo com a Folha de S. Paulo, as Forças Armadas têm repetido o discurso de Bolsonaro. Em ofício recente, solicitaram ao TSE todos os arquivos das eleições de 2014 e 2018, justamente os anos que fazem parte da retórica de fraude do presidente.
Sem verdades, mas com um plano golpista
Apesar de ser motivo de piadas na internet, o discurso do presidente ultrarreacionário revela que o período de eleições será conturbado. A maioria dos senadores e deputados do Congresso Nacional já não acreditam mais em um processo eleitoral pacífico.
A Eurasia Group, empresa de consultorias e risco político conhecida mundialmente, já alertou para riscos de golpe e ataques à prédios governamentais.
Sem verdades ou provas, Bolsonaro mente aos montes, mas avisa: “o golpe está aí, cai quem quer“. No ano passado, em conversa com apoiadores, o mandatário disse que “a fraude está no TSE” e ainda atacou o então presidente da corte eleitoral e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, a quem chamou de “idiota” e “imbecil”.
“Não tenho medo de eleições, entrego a faixa para quem ganhar, no voto auditável e confiável. Dessa forma [atual], corremos o risco de não termos eleição no ano que vem”, disse.
A fala ocorreu após uma sequência. No dia anterior, também ao falar com apoiadores, o mandatário fez outra ameaça semelhante: “Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições“. O plano dele está armado e operante.