Pelo segundo mês consecutivo, tropas israelenses assassinaram uma jornalista palestina em junho e cometeram diversas outras violações contra comunicadores, denunciou a organização não governamental Committee to Protect Journalists (Comitê de Apoio aos Jornalistas, em português).
A entidade destacou, em um relatório, que os militares mataram Ghufran Warasneh, 31, que trabalhava em uma estação de rádio local em 1º de junho. A jornalista foi baleada na entrada do campo de Al-Aroub, no sul da Cisjordânia ocupada.
The occupation forces shot a girl at the entrance to Al-Arroub refugee camp, north of Hebron pic.twitter.com/pUyywdl57h
— Shaima Hassan (@ShaimaH55463893) June 1, 2022
O comitê registrou relatos de ataques verbais e físicos de forças de segurança israelenses e colonos contra jornalistas palestinos que realizam seu trabalho na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
“Os ataques deliberados incluíram palavras racistas e ofensivas, bem como pontapés, pancadas com paus ou coronhadas, tiros com munição real, borracha ou gás lacrimogéneo”, reinterou.
Violência até depois da morte
De acordo com a CNN Portugal, Warasneh havia sido liberta da prisão em abril, após ter sido detida por três meses por realizar a cobertura de uma manifestação pró-Palestina. Entidades israelenses a chamaram de “contraventora“, mas a mãe de Warasneh revelou que a filha era graduada em jornalismo na e que já tinha trabalhado em alguns órgãos da imprensa local.
Nas redes sociais, foram publicados vários vídeos que mostram cenas de violência durante o funeral da jornalista: as forças israelitas atacaram com gás lacrimogéneo a multidão que se juntou para enterrar Ghufran Warasneh.
Israeli occupation forces attack mourners taking part in the funeral of Palestinian journalist Ghufran Warasna who was murdered the occupation forces, firing tear gas and sound grenades toward them. pic.twitter.com/0lBYUairCy
— PALESTINE ONLINE ?? (@OnlinePalEng) June 1, 2022
Ataques contra a comunicação
Em maio, soldados israelenses mataram o jornalista Shireen Abu Akleh enquanto cobriam um ataque militar na cidade de Jenin, no norte. A morte de Ghufran acontece apenas 19 dias depois do assassinato de Shireen.
O assassinato de Warasneh faz parte de uma crescente repressão sionista aos jornalistas democráticos que expressam seu apoio à causa palestina. Além dos assassinatos de Warasneh e de Shireen, 148 violações foram cometidas por tropas israelenses somente no mês de maio de 2022, última contabilização realizada pelos veículos palestinos.
No mesmo mês, 11 jornalistas foram detidos na Cisjordânia, e três deles tiveram sua custódia prorrogada mesmo sem julgamento.
Leia também: Em tempos de ataques e desinformação, o jornalismo resiste
Segundo a agência oficial de notícias Wafa, em 2021 os militares israelenses cometeram 384 violações contra comunicólogos da Palestina.
“Atacar jornalistas (…) e destruir prédios que abrigam meios de comunicação locais e internacionais não é algo novo, mas sim um comportamento sistemático na estratégia militar israelense e um comportamento bárbaro”, destacou Wafa em janeiro deste ano.
A agência de notícias relembrou ao atentado ocorrido em maio do ano passado, na torre do Al Jalaa, na Faixa de Gaza, onde estavam sediados diversos meios de comunicação internacionais, como a agência norte-americana Associated Press e a emissora árabe Al Jazeera.
Com informações da Prensa Latina, CNN Portugal e Al Jazeera