O Congresso vai mudar. Dos 37 ministros escolhidos para formar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 13 se licenciarão de seus mandatos no Congresso para assumir o cargo na Esplanada dos Ministérios. Desses, oito são deputados federais e cinco são senadores, que abrirão espaço para a ascensão de suplentes.
Uma das mudanças mais expressivas do Congresso acontece no Senado. Nas eleições de outubro de 2022, apenas quatro mulheres haviam sido eleitas, para as 27 cadeiras que estavam em disputa: Tereza Cristina (PP-MS); Professora Dorinha (UB-TO); Teresa Leitão (PT-PE); e Damares Alves (Republicanos-DF). Agora, a dinâmica das cadeiras no governo tornará a relação de gênero no Senado Federal menos desigual, com chegada de mais quatro senadoras.
Para a vaga de Flávio Dino (PSB-MA), que assumiu o Ministério da Justiça e Segurança Pública, quem assume é Ana Paula Lobato (PSB-MA), que é vice-prefeita de Pinheiros (MA) e tem 38 anos. Assim como o titular do mandato, a suplente se autodeclara parda.
O senador Carlos Fávaro (PSD-MT), agora ministro da Agricultura, cederá lugar a Margareth Buzetti (PSD-MT), que é bolsonarista e fez campanha para o ex-presidente. Aos 63 anos, a empresária, que se autodeclara branca, como o titular do mandato, assumirá seu primeiro cargo público.
A ida de Camilo Santana (PT-CE) para o Ministério da Educação dá uma cadeira no Senado para Augusta Brito (PT-CE). Autodeclarada branca, assim com o ministro, ela já foi prefeita de Graça, no interior do Ceará, entre 2005 e 2013.
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Com a saída de Wellington Dias (PT-PI), que chefiará o Ministério do Desenvolvimento Social, o Senado perde o primeiro senador indígena de sua história. Em seu lugar, entra Jussara Lima (PT-PI), mulher parda de 62 anos, que já foi vereadora e prefeita de sua cidade natal, Fronteiras (PI).
O quinto senador que se licenciará do mandato para assumir um ministério é Renan Filho (MDB-AL), que chefiará a pasta dos Transportes. Seu suplente é o empresário Fernando Farias (MDB-AL), de 70 anos, que nunca ocupou um cargo público. Ambos se autodeclaram brancos.
Deputados
Ao todo, oito parlamentares assumirão ministérios e se licenciarão do cargo na Câmara dos Deputados: Alexandre Padilha (PT-SP), que assumiu o Ministério das Relações Institucionais; Luiz Marinho (PT-SP), que chefiará o Ministério do Trabalho; Paulo Teixeira (PT-SP), que foi empossado ministro do Desenvolvimento Agrário; Paulo Pimenta (PT-RS), ministro da Secom; Daniela Carneiro (UB-RJ), que comandará o Ministério do Turismo; Juscelino Filho (UB-MA), que estará à frente do Ministério das Comunicações; Sônia Guajajara (PSOL-SP), a primeira ministra dos Povos Originários e Marina Silva (Rede-SP), que volta ao comando do Ministério do Meio Ambiente.
Ao todo, seis brancos, um negro e uma indígena deixarão a Câmara dos Deputados. Entram em seus lugares, cinco negros e dois brancos. A bancada indígena, por sua vez, passa de cinco para quatro deputados federais, por conta da ascensão de Sônia Guajajara para o governo.
Das três vagas abertas pelo PT em São Paulo, uma será ocupada pelo PCdoB, com um dos parlamentares mais atuantes da esquerda, Orlando Silva (PCdoB-SP). Ele não conseguiu se reeleger em outubro de 2022 e ficou como primeiro suplente da Federação que englobava PT, PCdoB e PV.
Com longa carreira na política, Silva já foi ministro dos esportes nos governos de Lula, em 2006, e Dilma Rousseff (PT), em 2011. Também ocupou uma cadeira na Câmara dos Vereadores de São Paulo, entre 2013 e 2015. Desde então, está no Congresso como deputado federal e irá para o terceiro mandato consecutivo. O comunista se autodeclara preto.
O segundo suplente da Federação PT-PcdoB-PV em São Paulo é Alfredinho (PT-SP), que chega à Brasília pela primeira vez, após quatro mandatos como vereador no município de São Paulo. O parlamentar se autodeclara preto e tem 63 anos.
Ex-presidente da CUT e deputado federal desde 2002, Vicentinho (PT-SP) também não conseguiu se reeleger em 2022. Volta ao Congresso como terceiro suplente, aos 66 anos, na Câmara. Se autodeclara preto.
Primeira suplente da Federação Rede-PSOL, em São Paulo, a professora Luciene Cavalcante (PSOL-SP), de 43 anos, chega ao Congresso para sua primeira experiência na política institucional. Ela se autodeclara branca.
Dos políticos mais tradicionais de São Paulo, Ivan Valente (PSOL-SP) também não conseguiu garantir sua reeleição em 2022. Chega à Câmara dos Deputados como segundo suplente da federação integrada pelo PSOL e, aos 77 anos, o parlamentar que se autodeclara como branco cumprirá seu oitavo mandato como deputado federal.
Aos 59 anos, Reginete Souza Brito (PT-RS), que se declara preta, herdará o mandato de Paulo Pimenta, se elege como suplente em eleições desde 2014. Em 2018, ocupou a vaga de deputada estadual.
O paranaense Dr. Benjamin (UB-MA) chegará pela primeira vez na Câmara dos Deputados, no lugar deixado por Juscelino Filho, empossado ministro das comunicações. Antes, tentou ser prefeito do município de Açailândia (MA) em duas oportunidades, 2016 e 2020, perdeu em ambas, pelo DEM e PSDB, respectivamente. Ele se autodeclara pardo.
De família com história na escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, no Rio de Janeiro, Ricardo Abrão (UB-RJ) ocupará a cadeira de Daniela Carneiro, conhecida como Daniela do Waguinho, na Câmara dos Deputados.
O parlamentar, que já presidiu a Beija-Flor, foi deputado estadual no Rio de Janeiro por dois mandatos, entre 2003 e 2006 e entre 2011 e 2014. Abraão é sobrinho do contraventor Anísio Abraão David, preso pela Polícia Federal na Operação Furacão 2 e na Operação Dedo de Deus. Ele se autodeclara branco.