Comitiva do governo federal, organizada pelo Ministério das Comunicações, cumprirá missão oficial nos Estados Unidos para conhecer as redes privativas destinadas à tecnologia 5G. O grupo, que conta com a presença do próprio ministro Fábio Faria, embarca no próximo domingo (6). A missão deve durar até o dia 11 de junho, quando a comitiva retorna ao Brasil.
A comitiva irá se reunir com autoridades estadunidenses e também com potenciais investidores do setor de telecomunicações, já que deve ocorrer em breve no Brasil o leilão da 5G, previsto para julho, segundo informações do próprio ministro, que irá reunir empresas de todo o mundo para serem responsáveis pela distribuição da tecnologia. O governo pretende implementar no Brasil a 5G stand alone, que promete entregar uma velocidade 100 vezes maior que a atualmente disponível, a 4G.
5G trará internet das coisas
A 5G stand alone, segundo o ministro, não é superior apenas em velocidade. Ela irá “conectar coisas”. Faria se refere nesse momento à internet das coisas [IoT, da sigla em inglês], que abre inúmeras possibilidades para além do simples uso da internet. Carros autônomos, cirurgias remotas, avanços no agronegócio e nas escolas estão em perspectiva. Além disso, o 5G alavanca e possibilita várias outras tecnologias, como inteligência artificial e realidade aumentada.
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Na educação, por exemplo, cursos remotos de ensino poderão se beneficiar da realidade aumentada – experiência de interação em que objetos reais são aprimorados por meios digitais – para mostrar casos práticos da construção de uma estrutura arquitetônica, ou para o treino de um piloto de avião, por exemplo. Galerias de arte, máquinas complexas ou até mesmo o corpo humano podem ser explorados via realidade aumentada em sessões de aprendizado com centenas de outras pessoas compartilhando a experiência.
Leilão da 5G
Apesar de o Tribunal de Contas da União (TCU) não ter reduzido de 150 para 60 dias o prazo estimado para a análise da matéria, conforme acenado, o ministro segue otimista em relação à previsão de realização do leilão, programado para julho. A expectativa é que, nas próximas semanas, o TCU possa apreciar o leilão no pleno. O ministro espera que a missão oficial ajude a dar celeridade ao processo e que não exista possibilidade de retrocesso na data.
Para o ministro, o TCU sabe a importância desse processo e não deve apresentar entraves. Para ele, o Brasil é hoje um modelo para a América Latina. Os outros países do continente estariam, portanto, esperando o que o Brasil vai fazer, para depois seguir o exemplo.
Expansão do acesso à internet
A expectativa do ministério é que, um ano depois do leilão, todas as capitais brasileiras tenham a tecnologia 5G. Até 2029, a previsão é que todas as cidades brasileiras com mais de 30 mil habitantes sejam contempladas. A partir do leilão em julho, a implantação da estrutura deve ser iniciada.
O edital não arrecadatório pretende converter a maior parte dos recursos advindos do leilão em investimentos que irão contribuir para o cumprimento de metas de expansão do ministério. Todo valor acima do preço mínimo será revertido para as 2,3 mil localidades que ainda não possuem 4G habilitado, para as rodoviárias federais e povoados rurais.
Comitiva conhecerá implementação da 5G na prática
A missão, segundo previsão do ministério, conhecerá a rede privativa do Departamento de Defesa dos EUA e também o departamento de Estado estadunidense, além de visitar o Departamento de Segurança Interna, que faz o controle de fronteiras e de ataques cibernéticos nos Estados Unidos. De acordo com Faria, somente esse departamento norte-americano tem seis redes privativas.
A comitiva irá se reunir também com o Departamento de Inteligência Nacional do país, com a FCC, que é a comissão federal de comunicações dos Estados Unidos e com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Também existe a previsão de encontros com várias empresas, bancos e consultorias, além de conversas já agendadas com seis fundos de investimentos. Outros membros da comissão participarão de outros encontros com o FBI e com a CIA.
A comitiva será composta por representantes da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), do Ministério da Defesa, da Secretaria-Geral da Presidência e do Tribunal de Contas da União, além de parlamentares.
Com informações de Agência Brasil