Quarta cidade mais populosa do Rio Grande do Sul, Pelotas é um dos 5.679 municípios do Brasil que em 2020 sediarão eleições para renovar o quadro de vereadores e prefeitos. Pensando em um projeto voltado à economia criativa como motor de desenvolvimento social, Tony Sechi (PSB) contou em entrevista ao Socialismo Criativo que tem dialogado com PDT, Rede, PCdoB e PV para criar um arcabouço de alianças para chegar à prefeitura. Segundo dados do IBGE de 2018, a cidade de Pelotas possui 341 mil habitantes.
Em sua campanha, o socialista aposta no público jovem e universitário da cidade. Ele elogia a Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), onde cursa Gestão Pública e foi presidente do grêmio estudantil. Atualmente, a UFPEL tem contribuído com o maior mapeamento do coronavírus do país, o Epicovid. Estudo da universidade divulgado em julho registrou que a chamada imunidade coletiva necessária para conter a expansão da Covid-19 pode ter sido superestimada.
“Inclusive a Universidade tem uma mão de obra muito qualificada, muito jovem que por ventura deixam a cidade para empreender em outros estados, como é o caso de Santa Catarina. Porque sai de Pelotas por falta de incentivo, a gente não tem um ambiente para empreendedorismo bacana”, lamenta.
Economia Criativa em pauta
Numa campanha voltada à economia criativa, Sechi defende que o parque tecnológico da cidade seja um novo expoente de desenvolvimento de Pelotas. Ele lamenta que, mesmo antes da pandemia, o setor já tenha sofrido baixas e forte desemprego. Para ele o resgate de investimentos só ocorrerá com a criatividade como eixo fundamental.
“Pelotas é uma cidade universitária e a economia gira muito em torno disso. O que a prefeitura precisa fazer é justamente incentivar que as pessoas se tornem empreendedoras”, advoga. Caso seja eleito, o socialista defende que a prefeitura facilite crédito a alvarás com menos burocracia. “A gente aposta nos pequenos empreendedores da economia criativa como instrumento pra gente acelerar o plano de retomada”, diz.
Em tempos de crise sanitária, a economia criativa foi um dos setores que mais sofreram perdas financeiras atualmente. Dados de um mapeamento da Firjan a respeito da indústria criativa no Brasil revelam que o valor de R$171,5 bi movimentado pela economia criativa, representa cerca de 2,61% do PIB nacional.
Crédito a pequenos empresários
Tony Sechi também defende um crédito de até R$ 5 mil facilitado a pequenos empreendedores. “Imagine alguém que trabalhe na área do designer e não tenha um computador. Seria bom que esse profissional tivesse um empréstimo rápido e facilitado. Ou seja, não é uma fortuna, é incentivo. A gente em Pelotas não tem uma agência de fomento, o que dificulta termos mapeado nossos empresários criativos”, critica.
Saneamento básico
Frequentador das praias gaúchas, Sechi reclama da falta de tratamento de esgoto em Pelotas, que despeja seus dejetos no litoral. Levantamento realizado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) em 2019, divulgado pelo jornal Gazeta do Povo, registra que, de 44 municípios que tiveram praias e balneários analisados, oito pontos foram considerados impróprios para banho em praias e balneários. Dos 8 pontos identificados em todo o Estado, 4 ficam só em Pelotas.
“A gente não tem tratamento de esgoto, o tratamento alcança 21% do resíduo que a gente gera, então precisamos ter fortes avanços no saneamento”, lamenta.
Tony Sechi busca inspiração na gestão do socialista Paulo Câmara, em Pernambuco, para defender uma educação de qualidade para os pelotenses. “A gente tem um modelo do PSB de Pernambuco com robótica e escola trilíngues. Queremos trazer essa inovação para nossa cidade”.
Conselhos Participativos
Pensar em Cidades Criativas é também contar com a participação da sociedade na gestão e no processo decisório de construção e reinvenção dos espaços urbanos. É nesse sentido que o socialista defende a criação do Conselho das Cidades, que contemplaria as 200 entidades mais importantes da Pelotas para que pudessem ajudar na gestão.
“Tudo que fosse proposto pela Prefeitura e Câmara de Vereadores obrigatoriamente vai passar por esse conselho”, defendeu. Na visão dele, não há porquê gestores públicos que ganham o direito a um mandato receberem imediatamente um cheque em branco para gerir a cidade sem consultar seus moradores. “No nosso ponto de vista não, tem que ser um processo de construção coletiva”.
Escolha por critérios técnicos
Tony Sechi defende também que os cargos de secretários sejam também ocupados por jovens. “A gente não tem nenhum secretário com menos de 40 anos de idade”, pontua. “Não é uma crítica a quem já tem idade, pelo contrário, a experiência é muito positiva. Mas a gente precisa mesclar com jovens, pessoas que estão saindo da universidade, que estão com a criatividade em alta, que tem uma formação acadêmica e vontade de contribuir, com vontade de inovar e fazer algo de diferente”.
O candidato do PSB ainda advoga pela criação de um programa de caça-talentos para ocupação de parte dos cargos em secretarias. “Hoje, a gente vê muita indicação política eu sei, mas a gente precisa ter meta, precisamos ter um trabalho, principalmente do secretariado, que seja técnico e compromissado com a gestão pública. Então, esse programa de caça talentos a gente quer selecionar nas áreas principais da cidade as pessoas capacitadas”, conclui.
Tony de Siqueira Sechi, 28 anos, é graduando em Gestão Pública e Presidente Nacional da Juventude Socialista Brasileira (JSB), além de presidir o PSB de Pelotas. No PSB, milita desde os 14 anos, onde é membro da executiva nacional do partido.