O impacto econômico da não realização das tradicionais festas juninas pelo segundo ano consecutivo em razão da pandemia de Covid-19, especialmente no Nordeste, será debatido nesta terça-feira (1o), em audiência pública promovida pela Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados.
A autoria do requerimento da audiência é da deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), que quer debater a ausência das atividades culturais tradicionais que movimentam anualmente milhões de pessoas. O momento também será utilizado para buscar possíveis soluções para o problema, que envolve parte significativa da economia do nordeste.
Festas movimentam economia
Conforme dados divulgados pelo Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI) sobre o impacto da ausência das celebrações na economia do Nordeste já no ano de 2020, primeiro ano de cancelamento devido à pandemia, o prejuízo da não realização das festas foi estimado em mais de R$ 1 bilhão. Esse valor considerando apenas as realizadas em Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Bahia.
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Além das festas, precisa ser levado em conta toda a cadeia produtiva que faz parte do ciclo junino, inclusa a de alimentação típica, fogos de artifício, transporte aéreo, rodoviário, hotelaria, aluguel por temporada e todo tipo de prestação de serviço comum à atividade turística, de guias a garçons e trabalhadores temporários. Pesquisas do Ministério do Turismo indicam que o Nordeste é a preferência de 42,7% dos brasileiros que planejam viajar no período de junho e julho.
Economia Criativa
Lídice também aponta esse impacto das festas São João no turismo do Nordeste, que sustentam artistas locais e aumentam a arrecadação de impostos. Como parte importante do setor criativo, as festas juninas desempenham um papel gigantesco em cada estado envolvido e no país, assim como a própria Economia Criativa como um todo.
“Em um cenário de crise – que já é anterior à desencadeada pelo coronavírus –, o São João é ainda uma oportunidade para empreendedores complementarem a renda e garantir o sustento de suas famílias para um ano inteiro.”
Lídice da Mata
Ainda segundo o SEI, só na Bahia, estado representado pela socialista, em 2018 cerca de R$ 8 bilhões foram movimentados na economia criativa. O valor corresponde a 3,2% do Valor Agregado ao Produto Interno Bruto (PIB) do estado. As festas e celebrações correspondem a 45% do valor agregado gerado pela economia criativa e 1,7% do total de ocupados na Bahia atuam no conjunto dos segmentos criativos.
Soluções para um junho sem festas
Segundo Lídice, é importante que a Comissão de Cultura possa se voltar ao tema, já que, diante das incertezas sobre o calendário de vacinação e o aumento exponencial do número de óbitos e casos confirmados de Covid-19, é necessário não apenas avaliar os impactos econômicos enfrentados com a suspensão desses eventos, mas também buscar soluções para que os problemas possam ser minimizados para a população impactada.
Para o debate, foram convidados artistas, representantes de associações culturais e de entretenimento; Carmem Lima, representante do Observatório de Economia Criativa da Bahia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que desenvolveu amplo estudo sobre o cancelamento das festas de São João no Estado; Joana Alves, presidente da Associação Cultural Balaio do Nordeste (Paraíba); Teo Santana, representante dos empresários nordestinos do entretenimento; e Sérgio Luiz, presidente da Confederação Nacional de Quadrilhas Juninas.
A audiência pública será transmitida pelo canal do YouTube da Câmara dos Deputados e também no Facebook da deputada Lídice da Mata.
Com informações de PSB Nacional e Agência de Notícias das Favelas