Em depoimento à CPI da Pandemia no Senado, o sócio-proprietário da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, permaneceu calado diante de quase todas as perguntas dos senadores. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) afirmou que, ao analisar os negócios da Precisa nos últimos anos, foi possível notar a quantidade de contratos, no mínimo, suspeitos, com graves indícios de corrupção, tráfico de influência e até lavagem de dinheiro.
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Para a senadora, o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco deve responder civil e penalmente pelos crimes e irregularidades cometidas nas compras de vacina pela pasta. Simone acredita que o próximo passo da CPI é descobrir o papel do FIB Bank — que, segundo ela, apesar do nome, não é um banco — nas negociações.
Jean Paul questiona transferências de empresas de Maximiano para serviço de cartão pré-pago
Antes do encerramento da reunião de hoje, Jean Paul Prates (PT-RN) questionou o depoente sobre repasses de dinheiro para um serviço de cartão de débito pré-pago, supostamente usado pelas empresas de Maximiano para que o dinheiro não fosse rastreado. Jean Paul afirmou que as empresas do depoente transferiram R$ 6 milhões de reais em 2020 para esse serviço. Maximiano permaneceu em silêncio e não respondeu à pergunta do senador.
Aprovado afastamento de sigilo de documento da Bharat Biotech
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que estava conduzindo o final da reunião, colocou em votação requerimento para afastar o sigilo do documento 2179, em poder da comissão, proveniente da Bharat Biotech. O requerimento foi aprovado.
Izalci questionou Maximiano sobre encontros que teve com Francisco Araújo
Izalci Lucas (PSDB-DF) questionou o depoente sobre a quantidade de vezes que esteve com Francisco Araújo, ex-secretário da Saúde do DF. Francisco Maximiano disse esteve poucas vezes para tratar dos testes rápidos do DF e depois permaneceu em silêncio nos demais questionamentos do senador.
Humberto Costa: presidente do Fib Bank será ouvido na próxima quarta-feira
Durante entrevista concedida após o depoimento de hoje, o senador Humberto Costa (PT-PE) confirmou que a CPI deve ouvir na próxima quarta-feira (25) o presidente do Fib Bank, Roberto Ramos Jr.
O Fib Bank estaria envolvido na tentativa de contratação da vacina Covaxin pelo governo federal.
Maximiano se retrata sobre locação de imóvel em Campo Belo
Alessandro Vieira (Cidadania-SE) disse que o depoente “claramente mentiu” ao dizer que era apenas fiador do contrato de locação de um imóvel em Campo Belo — ao qual Marcus Tolentino, que seria sócio oculto da Fib Bank, teria livre acesso.
Francisco Maximiano resolveu se retratar sobre a declaração. Disse que “foi uma confusão”, e confirmou ser locatário do contrato do imóvel.
“Não me recordava porque não vivia lá no imóvel”, disse.
Alessandro Vieira ainda perguntou se o depoente não gostaria de se retratar sobre as relações com o Fib Bank. Maximiano decidiu não responder a essa questão.
Contarato: depoente não respondeu perguntas ‘elementares’
O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) criticou a conduta do depoente, afirmando que Maximiano se recusou a responder a “perguntas elementares”: não explicou por que os pagamentos à Precisa seriam feitos em paraíso fiscal e também não informou se a Precisa paga tributos pelas operações. Para o senador, a vacina não chegou antes aos brasileiros por causa de atuações como as da Precisa.
Coaf registrou pagamento como ‘movimentação atípica’, diz Eliziane
Eliziane Gama (Cidadania-MA) questionou Francisco Maximiano sobre o motivo de um pagamento realizado pela Precisa Medicamento para Newton Carneiro, no valor de R$ 500 mil. A senadora afirmou que a Coaf apontou esse repasse para Newton como uma “movimentação atípica”. O depoente disse “não saber responder” por não ter conhecimento dessa movimentação.
Maximiano fala sobre atividades comerciais das empresas
Ao responder a Eduardo Girão (Podemos-CE), Francisco Maximiano rompeu o silêncio que vinha mantendo, durante o depoimento, frente às perguntas sobre as atividades comerciais das suas empresas. Ele disse que a Precisa Medicamentos foi adquirida pela Global por ser uma empresa que presta serviços no âmbito da “cadeia de verticalização” da Global. Maximiano também afirmou que a Precisa comercializa medicamentos e que a Global comercializa planos de medicamentos.
Para Marcos Rogério, CPI protege a Bahia e o Consórcio Nordeste
O senador Marcos Rogério (DEM-RO) reclamou de a CPI não ter interesse em investigar casos de corrupção nos Estados. Ele disse ter apresentado dezenas de requerimentos de convites e convocações, que sequer foram pautados. Ele queria ouvir, por exemplo, o ex-secretário da Casa Civil da Bahia Bruno Dauster; o secretário-executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Gabas; e o ex-ministro do governo Dilma e atual prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva. Para Marcos Rogério, “chama atenção a blindagem e a proteção absoluta ao estado da Bahia”.
Maximiano teria pedido mudanças em MP sobre vacina, diz Randolfe
A Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Francisco Maximiano reafirmou que conhece o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR). Em seguida, o parlamentar exibiu ata de uma reunião no Ministério da Saúde, em 12 de janeiro de 2021, que contou com a participação do dono da Precisa. De acordo com os relatos do encontro, lidos por Randolfe, Maximiano teria sugerido aos servidores da pasta mudanças na medida provisória que estava em tramitação no Congresso Nacional e que autorizava a importação de vacinas contra covid-19. Segundo o registro do ministério, o empresário teria sugerido incluir no texto a agência reguladora indiana, permitindo assim a importação da vacina Covaxin.
Para Randolfe, os relatos da reunião sugerem uma ligação com a emenda apresentada por Ricardo Barros que trazia especificamente esse conteúdo.
“A emenda reivindicada foi apresentada dias depois pelo deputado Ricardo Barros. É a única emenda específica com essa reivindicação apresentada pelo deputado”, afirmou o senador.
Com informações da Agência Senado