O relator da CPI da Pandemia no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), anunciou que transformou 14 testemunhas em investigados durante coletiva de imprensa, nesta sexta-feira (18). Além disso, os senadores do colegiado aprovaram 40 requerimentos e ouvem depoimento de médicos defensores do chamado tratamento precoce.
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Para Renan Calheiros, a condição de investigado na CPI permite aprofundar a apuração, na medida em que facilita, por exemplo, a requisição de documentos e a realização de buscas e apreensões. O senador ressaltou que a medida estabelece segurança jurídica para os encaminhamentos da comissão.
“Tomamos como critério para o indiciamento, o fato de já terem feito depoimento na CPI. Teremos o ex-ministro Queiroga, que teve uma participação pífia, ridícula no primeiro depoimento.”
Renan Calheiro
Os nomes do deputado federal Osmar Terra e do assessor da Presidência Filipe Martins, cotados para serem incluídos na condição de investigados, acabaram não sendo confirmados pelo relator da CPI. Por outro lado, foram incluídos os médicos Hélio Angotti Neto e Luciano Dias Azevedo.
Lista de investigados da CPI
- Marcelo Queiroga, ministro da Saúde
- Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde
- Ernesto Araújo, ex-ministro de Relações Exteriores
- Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação Social da Presidência
- Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde
- Nise Yamaguchi, médica defensora da cloroquina e suposta integrante do “gabinete paralelo”
- Paolo Zanotto, virologista defensor da cloroquina e suposto integrante do “gabinete paralelo”
- Carlos Wizard, empresário e conselheiro de Pazuello e suposto integrante do “gabinete paralelo”
- Arthur Weintraub, ex-assessor especial da Presidência e suposto integrante do “gabinete paralelo”
- Francieli Fantinato, coordenadora do Programa Nacional de Imunização
- Marcellus Campêlo, ex-secretário de Saúde do Amazonas
- Elcio Franco, ex-secretário executivo do Ministério da Saúde
- Hélio Angotti Neto, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde
- Luciano Dias Azevedo, anestesista da Marinha apontado como autor de proposta para alterar a bula da cloroquina, substância sem efeito contra a Covid
Depoimentos na CPI
Os médicos Ricardo Ariel Zimerman e Francisco Eduardo Cardoso Alves, em depoimento CPI sexta-feira, negaram a existência de conflito de interesse pela defesa de tratamentos com remédios não cientificamente comprovados no tratamento da covid-19. Apesar da negativa de conflito, “nem político nem econômico”, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), interferiu e ironizou a negativa: “Não tem conflito de interesses?! Foram convidados pelo Weintraub (para a OEA)”.
Ambos os médicos foram nomeados como assessores da Secretaria de Segurança Multidimensional da Organização dos Estados Americanos (OEA), pasta comandada por Arthur Weintraub.
Zimerman respondeu que, até o momento, recebeu apenas R$ 10 mil do Ministério da Saúde via Organização Pan-Americana da Saúde. Para Zimerman, a politização “causa surpresa porque não sou filiado a nenhum partido político”.
Já Cardoso Alves reiterou a ausência de conflito de interesse. “Inclusive, se eu fosse assessor da OMS (Organização Mundial da Saúde) ou da comissão da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) eu estaria aqui com a mesma isenção. Não recebo nenhuma remuneração por isso e não tenho nenhum motivo para esconder, tanto que tornei público pelas minhas redes o meu convite da secretaria da OEA”, disse.