
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta quarta-feira (13), a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), que traz um panorama de uma década sobre a saúde dos adolescentes e suas tendências. O estudo experimental mostrou, entre outros, que aumentou exposição de meninas ao álcool e drogas e que o uso de preservativos caiu.
A pesquisa reúne informações que vão da alimentação dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental a atividades físicas, a situação em casa e na escola, saúde mental, sexual e reprodutiva, acesso a higiene e saúde bucal, entre outros, e envolveu 159 mil pessoas.
A PeNSE mostrou que embora não tenha sido registrada diferença significativa na experimentação de cigarro, o percentual de jovens com menos de 14 anos que experimentaram caiu.
“Também é importante sabermos em que época essa exposição se deu e tivemos uma ligeira queda nesse indicador, que foi de 16,8% em 2009 para 13,1% em 2019. Ou seja, os adolescentes estão se expondo menos precocemente, o que é positivo”, ressalta Marco Andreazzi, gerente da pesquisa.
Já a experimentação de bebidas alcoólicas cresceu, especialmente, entre as meninas. No total, houve aumento de 52,9% em 2012 para 63,2% no percentual de jovens que provaram bebidas alcoólicas.
Porém, o percentual de meninas que experimentaram passou de 55%, em 2012, para 67,4%, em 2019. Os meninos, passaram de 50,4% para 58,8% no mesmo período.
Quando se trata de embriaguez, o estudo observou aumento na tendência em 2,4% ao ano, com 27% entre 2009 e 2019.
Os meninos da rede pública tiveram tendência de estabilidade, enquanto os da rede privada mostraram decréscimo de 2,6% ao ano. Já as meninas tiveram crescimento nas duas redes de ensino, com mais intensidade na rede pública, onde a chance aumentou 4,5% ao ano.
As meninas também estão mais expostas às drogas ilícitas. E, no geral, houve crescimento nos últimos 10 anos, de 8,2% em 2009 para 12,1% em 2019.
“Essa tendência está decrescente para os meninos das escolas privadas e crescente para meninos de escolas públicas e meninas de ambas as redes, chegando a um aumento expressivo de 164,6% entre as meninas das escolas públicas em dez anos”, afirma Andreazzi.
Também houve aumento do número de estudantes que já tinham tido relações sexuais de 27,9% em 2009 para 28,5% em 2019.
“Ao longo de toda a série, os meninos têm uma maior taxa de iniciação sexual; contudo, a taxa de iniciação sexual das meninas entre 2009 e 2019 aumentou de 16,9% para 22,6%, enquanto a dos meninos caiu de 40,2% para 34,6%”, destaca Andreazzi.
O uso de preservativo na última relação, entre os escolares que já tiveram relação sexual, mostrou uma tendência de queda, cuja chance de uso teve um decréscimo de 7,0% ao ano entre 2009 e 2019 e de 51,3% no acumulado em 10 anos.
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Além disso, outro dado mostra aumento nas agressões sofridas por esses jovens por pessoas de sua própria família. O índice passou de 9,4% em 2009 para 11,6% em 2012 e 16, em 2015.
Boas notícias
O estudo mostrou que entre 2009 e 2019 houve aumento de 76,8% no acesso à internet na casa desses estudantes.
“Neste período, a internet passou a ser uma ferramenta estratégica importante no sentido do envolvimento e da disseminação de informações, inclusive nas escolas”, anlisa o gerente da pesquisa.
A escolaridade materna também cresceu.
De 2009 a 2019, a chance de alunos do 9º ano terem mães sem instrução ou com ensino fundamental incompleto caiu 48%, a prevalência desse indicador sai de 25,6% (2009) para 15,2% (2019).
Entre alunos de escolas particulares, esse índice já era muito baixo em 2009 (5,1%) e caiu para 4,3% em 2019. Já entre os jovens de escolas públicas, o percentual recuou de 31% para 19,5%.
O que melhora a realidade dos estudantes como um todo já que quanto mais baixa escolaridade da mãe dos estudantes, pior o estado de saúde dos filhos e maior o risco de mortalidade e a chance de pobreza.
“Embora maior escolaridade das mulheres não signifique rendimento salarial equiparado ao dos homens, a elevação da escolaridade reduz a proporção de gravidez entre as adolescentes, a mortalidade materna, o nível de pobreza. Como melhora as condições de trabalho das mulheres, aumenta a chance de boa saúde dos filhos”, desenvolve Andreazzi.