
O que diferencia a criatividade capitalista da criatividade socialista são as pessoas. Esse o cerne do pensamento de Carlos Siqueira, presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), mediador do primeiro debate do ciclo da série sobre a Autorreforma do PSB. Para o dirigente, a criatividade capitalista está focada no mercado e no lucro, enquanto a criatividade socialista visa a ampliação dos espaços de liberdade e o atendimento das necessidades básicas da população.
Siqueira ressalta que o PSB não é contrário à criação de riqueza, mas que os socialistas desejam que esses recursos sejam utilizados de maneira mais justa e classifica o desenvolvimento capitalista como insustentável. Ele avalia que a produção de riquezas, conhecimento e criatividade deve ser usada para criar justiça social e gerar possibilidades para a humanidade.
“Não queremos que essa riqueza, conhecimento e criatividade sejam usados para criar mais injustiças e sim gerem possibilidades para a humanidade. A fase que estamos vivendo do capitalismo não é sustentável, não é possível que outros países tenham o mesmo grau de consumo que os Estados Unidos, assim o planeta explode. Temos que ter um desenvolvimento diferenciado, um conjunto de direitos que sejam essenciais e indispensáveis.”
Carlos Siqueira
Siqueira relembrou das conquistas progressistas no campo do trabalho. “Graças à esquerda chegamos a esse patamar em que há a promoção de uma série de direitos, criados pelas forças progressistas. Temos muito a celebrar desde o surgimento profundamente injusto do capitalismo, mas isso não foi conquista dos capitalistas, mas sim das lutas populares de esquerda”, afirmou.
Ciclo de debates sobre a Autorreforma do PSB
A live de estreia do ciclo de debates “Socialismo Criativo e o partido que queremos construir” teve também a participação do presidente do Instituto Pensar, coordenador do site Socialismo Criativo e integrante do Diretório Nacional do PSB, Domingos Leonelli, e do professor José Luiz Borges Horta, doutor em Filosofia do Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Os debates ocorrerão a cada 15 dias com transmissões ao vivo pelos canais do PSB na internet. Nesta estreia, a live teve a audiência de centenas de pessoas de todas as regiões do país, incluindo parlamentares e dirigentes do partido, com interesse em discutir temas ligados à Autorreforma do PSB. O processo vem sendo discutido pela militância socialista desde novembro de 2019, quando foi colocado em consulta pública o documento-base para a atualização do manifesto de fundação e do programa do PSB.
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Socialismo Criativo, um conceito inovador
Segundo explica Leonelli, o conceito de Socialismo Criativo surgiu da necessidade de incorporar ao socialismo democrático a “ideia-força”, o elemento fundamental da modernidade do século 21: a criatividade. Por meio da criatividade, os principais valores econômicos do capital deixaram de ser os investimentos fixos e passaram a ser as riquezas geradas por investimentos intangíveis, como as ideias, os softwares e a tecnologia.
Além disso, ressalta Leonelli, a criatividade foi fundamental para o processo de crescimento humano, social, econômico, político, cultural, transformando o mundo, a humanidade e a realidade. Nesse contexto, ele defende que a Autorreforma do PSB seja capaz de formular uma tese política que se transforme numa teoria de desenvolvimento econômico e social e que corresponda à uma nova visão do socialismo no século 21.
“Tivemos uma grande conquista com essa definição de Socialismo Criativo. Temos a possibilidade efetiva de criar e fazer com que o nosso partido seja o instrumento desta modernidade econômica, fazendo com que a economia criativa não seja apenas mais um ramo da atividade, mas seja um eixo de desenvolvimento central do nosso projeto nacional de desenvolvimento.”
Domingos Leonelli
Quarta Revolução Industrial
O professor José Luiz Horta reconheceu a importância da iniciativa inovadora do PSB de por meio da Autorreforma propor o socialismo criativo como um novo eixo para um projeto nacional de desenvolvimento. Segundo ele, desde a década de 1960 o mundo vive um processo de esgotamento da capacidade de pensar e de produzir transformações.
“Estamos na quarta Revolução Industrial, que é a da digitalização, que transformou o capital em cultural. Hoje, não interessa a propriedade da terra, mas sim a propriedade da ideia, é a patente, é a capacidade humana de pensar. Isso que dá fôlego ao capitalismo de hoje. É isso que pode dar fôlego ao socialismo.”
José Luiz Horta
Assista a íntegra do debate:
Com informações do PSB Nacional