A porteira de Ricardo Salles parece estar fechando. Ganhou força na Câmara dos Deputados a luta da Oposição para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os crimes do ministro do Meio Ambiente um dos mais fieis assistentes de Jair Bolsonaro (sem partido) para passar a boiada do desmonte de políticas de proteção ambiental.
A criação da comissão foi impulsionada com a Operação Akuandabada, deflagrada pela Polícia Federal nesta semana. O pedido da Oposição para a instalação da CPI do Meio Ambiente precisa de 171 assinaturas de apoio (um terço dos parlamentares da Casa) e conta, até o momento, com 106.
Salles passou a boiada contra o meio ambiente
O líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), comentou declaração de Bolsonaro sobre o desempenho do ministro do Meio Ambiente. “Ao dizer que Salles é um ‘excepcional ministro’, Bolsonaro confirma que encontrou o nome ideal para o seu projeto de governo para o Meio Ambiente: passar a boiada.
Para o parlamentar socialista, é fundamental investigar profundamente o envolvimento de Salles e seus subordinados com atos ilícitos suspeitos que ocorrem desde o início da gestão do ministro. Molon acredita que com pressão da sociedade e mobilização da oposição as assinaturas necessárias serão obtidas.
“Isso enfrenta a resistência da bancada ruralista, que tem em Salles um de seus aliados”, afirma. “E na própria base do governo, que insiste na falácia de que não há membros envolvidos em corrupção e tenta evitar a investigação para varrer os malfeitos de Salles para debaixo do tapete.”
Alessandro Molon
Porteira de Salles fechando
O coordenador da Frente Ambientalista do Congresso Rodrigo Agostinho (PSB-SP) comentou sobre notícia publicada sobre a operação deflagrada pela PF contra o ministro do Meio Ambiente. “É a PF trabalhando. É a porteira fechando”, ironizou.
Efeitos da flexibilização ambiental
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, questionou pelas redes sociais como um ministro que deve proteger o meio ambiente pode estar sob suspeita de envolvimento com exploração ilegal de madeira. “A rota criminosa de toras para EUA e Europa é um negócio de bilhões atualmente facilitado pela flexibilização da política ambiental”, postou.
Operação Akuandabada mira Salles
A Operação Akuandabada deflagrada pela PF investiga crimes como corrupção, prevaricação e esquema de exportação ilegal de madeira envolvendo o ministro Ricardo Salles, agentes públicos e empresários do ramo madeireiro.
Foram executados 35 mandados de buscas e apreensões em endereços ligados ao ministro e a servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), além da quebra dos sigilos bancários e fiscais do ministro e de outros envolvidos, como Eduardo Bim, ex-presidente do Ibama, afastado no mesmo dia.
Salles foi denunciado pela PF de Manaus
O pedido de instalação da CPI para apurar os crimes ambientais cometidos pelo governo na gestão Salles foi protocolado na Câmara no dia 29 de abril, três dias depois da audiência pública em que foi ouvido o delegado da superintendência da Polícia Federal de Manaus, Alexandre Saraiva, responsável pela maior apreensão de madeira ilegal da história do país e afastado em seguida.
A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) encaminhou na quarta-feira (20) ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pedido de impeachment do ministro Salles, apresentado em junho de 2020 ao Ministério Público Federal (MPF).
Servidores do Ibama pedem exoneração de Salles
A Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema) publicou nota de apoio à operação da PF e pediu a exoneração de Salles. “A boiada vem passando e fortalecendo o descumprimento de preceitos fundamentais no trabalho dos servidores e destruindo o marco ambiental brasileiro”, diz trecho da nota.
Os servidores apontam o desmonte de instituições ambientais conquistadas pela sociedade brasileira ao longo das últimas décadas, “afrontando a Constituição Federal, os tratados e convenções internacionais dos quais o Brasil é signatário e que estabelecem a obrigação do poder público na defesa e preservação do meio ambiente para as atuais e futuras gerações”.
Com informações do Brasil de Fato