
Integrantes da comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as ações contra a Covid-19 defenderam, nesta terça-feira (8), o acesso igualitário de estados e municípios brasileiros a uma vacina contra a doença no país.
A avaliação de alguns parlamentares é a de que uma corrida à vacina – com os mais ricos saindo na frente – só será evitada se o Ministério da Saúde coordenar a aquisição de todas as vacinas possíveis.
“Vejo com preocupação uma corrida para vacinar por aqueles que têm mais estrutura, em detrimento dos pequenos municípios”, observou a relatora da comissão externa, deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC).
“A vacina deve ser um patrimônio de todos os brasileiros. Não vamos descansar enquanto não tivermos o acesso igualitário”.
O deputado Alexandre Padilha (PT-SP) acrescentou que, se o Ministério da Saúde não coordenar rapidamente o processo, “vamos ter uma corrida mesmo de estados e municípios tentando se antecipar”.
A deputada Carla Dickson (Pros-RN) também defendeu a centralização da estratégia no Ministério da Saúde, que terá à disposição um leque de vacinas para abarcar toda a população brasileira.
Vacina da Pfizer
Os parlamentares ouviram em videoconferência o presidente da Pfizer Brasil, Carlos Murillo, e a diretora médica da empresa, Márjori Dulcine. A farmacêutica norte-americana, em parceria com a empresa alemã de biotecnologia BioNTech, é responsável pelas primeiras doses de vacina contra a Covid-19 que começaram a ser aplicadas, nesta terça, no Reino Unido.
A vacina é intramuscular e deve ser fornecida em duas doses, com intervalos de 21 dias entre elas, para garantir 95% de eficácia no bloqueio de infecções pelo novo coronavírus.
No Brasil, a expectativa é que o Ministério da Saúde assine em breve um memorando de intenção de compra de 70 milhões de doses do imunizante. Ainda assim, a vacinação só começaria de fato em 2021, sem data definida.
“No começo, já poderemos vacinar milhões de brasileiros, mas quantos exatamente vai depender do contrato com a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]”, declarou Carlos Murillo.
A Pfizer, segundo Murillo, trabalha com a possibilidade de entrega das vacinas diretamente nos pontos de vacinação, assim que o imunizante for devidamente autorizado no Brasil. Um container foi especialmente desenvolvido para armazená-lo, já que as doses devem ser mantidas em baixíssimas temperaturas.
Agilidade
Coordenador da comissão externa, o deputado Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. (PP-RJ), defendeu a determinação da Lei 14.006/20, de autoria do colegiado, segundo a qual a Anvisa deve liberar para uso no Brasil, no caso da pandemia, insumos aprovados em outros países. O Reino Unido não está contemplado na lei, mas a expectativa é que os Estados Unidos aprove em breve a vacina da Pfizer.
O deputado Alexandre Padilha defendeu que se cobre da Anvisa uma aprovação o mais rapidamente possível. Já Carmen Zanotto espera uma audiência com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para tratar do assunto.
Por sua vez, Carla Dickson afirmou que entende o olhar com parcimônia do governo brasileiro para as vacinas, justamente em busca de melhores resultados. “Estamos falando de bilhões de reais, de muito dinheiro”, disse. Dickson avaliou como enorme a responsabilidade da Anvisa de garantir, de maneira emergencial, o uso correto e seguro das vacinas no Brasil.
Continuidade dos estudos
Na videoconferência, a diretora médica da Pfizer Brasil, Márjori Dulcine, deixou claro que, apesar da eficácia comprovada, a vacina continuará a ser estudada nos próximos anos. Ela não soube responder, por exemplo, por quanto tempo as pessoas vacinadas ficarão protegidas.
Márjori Dulcine, diretora médica da Pfizer, disse que não é possível precisar por quanto tempo as pessoas vacinadas ficarão imunizadas
“É uma realidade de todas as vacinas que estão chegando agora. A gente precisa ter o acompanhamento”, disse, lembrando que este é um dos pontos de uma solicitação emergencial.
Os representantes da Pfizer também preferiram não falar em preços. De acordo com Carlos Murillo, a empresa trabalha com três níveis de preços: para países desenvolvidos, para países de renda média e para nações de menor renda. Ele disse que o Brasil, por ter participado do estudo clínico da farmacêutica, está recebendo preço preferencial.
Com informações da Agência Câmara de Notícias