O desmatamento da Amazônia atingiu a pior índice dos últimos dez anos, dentro do comparativo do mês de março. Foram devastados nada menos do que 810 km². Isso significou um aumento percentual na área desmatada de 216% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os dados são de um boletim divulgado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e vêm à tona às vésperas da Cúpula do Clima, quando o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) almeja vender a imagem de defensor da floresta como forma de garantir aportes internacionais para a região.
De maneira semelhante, o acumulado de janeiro a março em 2021 também apresentou alta no desmatamento. O total desmatado desde o início do ano foi o maior da série de 10 anos, mais do que o dobro do registrado em 2020.
Socialista alerta contra desmatamento
O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP), alertou para os números alarmantes em uma postagem nas redes sociais.
Na semana passada, o parlamentar socialista condenou a forma como o acordo financeiro entre Brasil e EUA para proteção da Amazônia tem sido conduzido. Durante os atos Emergência Amazônica – em Defesa da Floresta e da Vida e o Fórum Climático da Amazônia ele afirmou que é preciso transparência, criticou a falta de uma política de defesa da Amazônia e falou em desmonte dos órgãos de controle.
Pará e Mato Grosso à frente
Ainda de acordo com o levantamento do Imazon, os estados do Pará e do Mato Grosso concentraram 60% dos desmatamentos detectados na Amazônia Legal em março de 2021.
O Pará saiu na frente e acumulou 35% dos registros de devastação. Enquanto isso, o estado mato-grossense sofreu com a perda em 25% da floresta. O Amazonas ocupa o terceiro lugar e aparece com 12% dos registros de desmatamento do mês de março identificados pelo Imazon.
Por fim estão estão Rondônia (11%), Roraima (8%), Maranhão (6%), Acre (2%) e Tocantins (1%). A maior parte dos desmatamentos registrados, 66%, ocorreu em áreas privadas ou sob estágio de posse.
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Vale observar que desde o início da gestão, o governo Bolsonaro defende a certificação de fazendas em Terras Indígenas (TIs) dentro da Amazônia Legal. Em 22 abril de 2020, por exemplo, uma normativa autorizou a certificação de propriedades privadas nas terras indígenas que não tivessem o registro definitivo.
Em novembro do ano passado, Bolsonaro criticou a proposta de expropriação privada em caso de crimes ambientais. Naquela ocasião, o tema estava em discussão no Conselho da Amazônia, comandado pelo vice-presidente, Hamilton Mourão.
Degradação também aumentou
Em relação à área de floresta degradada, isto é, que tem sua vida parcialmente comprometida, os números também chamam atenção. A degradação da floresta atingiu, assim, 64 km² da Amazônia Legal em março de 2021. Deste modo, o que se tem é um saldo 156% a mais em degradações em relação à março de 2020.
Ainda de acordo com o boletim da Imazon, Rondônia foi o estado que mais sofreu. Acumulou 39% da área degradada. Na sequência estiveram Mato Grosso (36%) e Pará (25%). A degradação se caracteriza pela extração seletiva das árvores, normalmente para fins de comercialização de madeira, e pelas queimadas.