
O Dia Nacional do Braile é comemorado nesta sexta-feira (8). A data foi instituída para chamar a atenção da sociedade sobre a importância de assegurar formas de inclusão de deficientes visuais também na escrita e no acesso a livros.
Os dados oficiais mais recentes sobre a presença de deficientes visuais no Brasil são do Censo de 2010. Segundo o levantamento, cerca de 24% da população tinham algum tipo de deficiência naquele momento, o que correspondia a 46 milhões de brasileiros.
A visual é a modalidade mais comum. Se consideradas pessoas com qualquer tipo de dificuldade, o número de cidadãos com algum grau de problema para enxergar chega a quase 20%. Se considerados aqueles que não conseguem ver de forma alguma ou que têm grande dificuldade, o índice cai para 3,4%, o equivalente a 6,5 milhões de pessoas. Desse total, 582,6 mil são incapazes de enxergar.
De acordo com o Relatório Mundial sobre Visão 2019, da Organização Mundial da Saúde (OMS), 2,2 bilhões de pessoas têm algum tipo de deficiência visual, sendo 1 bilhão com uma condição que poderia ser prevenida ou tratada.
Ainda conforme a OMS, a incidência de deficiência visual é quatro vezes maior em países de rendas baixa e média do que nas nações mais ricas.
Sistema Braile
O Sistema Braile é uma alternativa para que pessoas enquadradas nessas situações possam entrar em contato com a leitura. Assim, o método contribui para a inclusão em uma das principais formas de registro e aquisição de conhecimento: a escrita.
O Sistema Braile foi criado pelo francês Louis Braille, em 1925. Cego após um acidente na oficina do pai, adaptou métodos utilizados por soldados franceses para comunicação noturna. A versão final foi apresentada por ele em 1837.
O sistema é baseado em pontos com relevo em papéis, que são apreendidos por meio do contato com a ponta dos dedos. Por meio da combinação de seis pontos, é possível fazer até 63 caracteres diferentes.
Segundo a União Mundial de Cegos (WBU, em inglês) , apenas 5% dos livros em todo o mundo são transcritos para o Braile. Em países mais pobres, esse percentual cai para 1%.
PSB Inclusão
Para a secretária nacional do PSB Inclusão, Luciana Trindade, para uma revolução na sociedade brasileira no quesito inclusão, o processo deve ser baseada em três pilares: acesso, condições e, o mais importante, oportunidades.
“Para que uma revolução aconteça, é necessário a transformação da sociedade no reconhecimento das diferenças e na compreensão da diversidade como característica de uma sociedade plural. São muitas as barreiras que a gente tem que derrubar para conseguir avançar com essa transformação”, afirma Trindade.
Luciana, que é militante da causa em defesa das pessoas com deficiência, tem se dedicado nos últimos anos intensamente a organizar o segmento das pessoas com deficiência no Partido Socialista Brasileiro (PSB).
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De maneira expansiva, a secretária acredita que é muito relevante uma sigla “fomentar a importância da acessibilidade comunicacional, que vai muito além da comunicação oral e que é trabalhado pelo PSB Inclusão ou pela sociedade”, como é o caso do braile.
Além da comunicação libras para os surdos e o braile para deficientes visuais, por exemplo, é preciso pensar em quem tem outras deficiências. Trindade exemplifica com o método Tadoma, em que surdos cegos colocam as mãos no pescoço do interlocutor para, a partir das vibrações das cordas vocais, compreenderem o que é dito.
Contudo, segundo ela, a comunicação inclusiva é apenas o primeiro passo. Trindade ressalta que as pautas das pessoas com deficiência são amplas e passam por diversas questões como trabalho, moradia e educação.
Autorreforma socialista
Em seu processo de Autorreforma, que está em curso na legenda socialista, o partido entende é necessário promover a inclusão política de grupos subrepresentados, como as pessoas com deficiência, no sistema eleitoral e nas políticas públicas de desenvolvimento e emancipação financeira.
“Deverá ser destacado e fortalecido o papel das mulheres, dos negros, dos jovens, das pessoas com deficiências e da população LGBTQIA+, nas atividades ligadas à economia criativa e ao empreendedorismo, especialmente pelo fato de que esses segmentos propiciam mais oportunidades de desenvolvimento e emancipação do que as atividades tradicionais, vinculadas ao comércio, indústria e agricultura,” é destacado na obra.