
O comportamento de consumo de moda, estética, arte, cultura e entretenimento alterou bastante com a chegada da pandemia. E isso impôs novos e urgentes desafios aos profissionais que atuam nessas áreas. Juntos, eles compõem a economia criativa, que, de acordo com o Sebrae, é o segundo setor mais afetado pela crise sanitária, registrando queda de 70% no faturamento, atrás apenas de turismo.
Segundo o Estadão, com mais tempo em casa, deve ter dado aquela vontade de mudar os móveis ou fazer uma reforma. “E o consumo de streaming cresceu?”, provoca o jornal.
A notícia boa nesse mar de incertezas é que a crise não atinge todos os segmentos da economia criativa da mesma forma. Exemplo disse é a indústria de games, que teve recorde de receita em todo o mundo bem no mês de março. Estúdios de animação também registraram aumento da demanda.
Ao mesmo tempo, negócios que promoviam encontros presenciais ainda passam por refluxo nas atividades, com sérios problemas financeiros. É o caso do Cirque du Soleil, que entrou em um programa de recuperação judicial no Canadá após demitir 95% dos funcionários e cancelar 44 espetáculos pelo mundo. As salas de cinema e os teatros do País estão fechadas.
O mercado da música, com exceção das lives, também experimenta a pausa que silencia artistas do mundo dos espetáculos e do audiovisual.
“A economia criativa tradicional está em crise. As salas de cinema e os teatros vão sofrer. Mas ao mesmo tempo você tem o aumento significativo nas assinaturas das plataformas de streaming (como Netflix)”, diz Lucas Foster, empreendedor e criador do Dia da Criatividade.
Economia criativa no Brasil
Foster destaca que, tradicionalmente, ‘a produção cultural no Brasil é analógica” e, como avalia, “somos um povo outdoor e por isso a produção cultural sempre caminhou para a rua”, diz ele, que completa: “as pessoas ainda não sabem extrair valor das lives, por exemplo. Tudo estava muito estabelecido no físico: você paga um ingresso por uma cadeira. E no digital? Quantas pessoas cabem em uma sala de live?”.
Assim, o setor segue aproveitando fomentos públicos federais e locais, além de fortalecer suas redes colaborativas. Em São, por exemplo, o Desenvolve SP, banco do empreendedor do Estado de São Paulo, destinou R$ 275 milhões exclusivamente para as PMES nos eixos cultura, economia criativa, turismo e comércio.
A recém aprovada a lei federal Aldir Blanc, que passa por regulamentações para a liberação dos recursos, é outro pilar onde o setor se agarra nesse momento difícil.
A lei atua em três frentes: auxílio de R$ 600 pagos em três parcelas, subsídio a espaços artísticos e culturais com valor de R$ 3 mil a R$ 10 mil e facilidade de crédito, que deve ser pago em até 36 meses, reajustados pela taxa Selic, a partir de 180 dias depois do final do estado de calamidade pública.
“É um núcleo estratégico para a economia como um todo porque é nesse nicho que os outros setores não criativos vêm buscar inovação e diferencial competitivo que não seja necessariamente em redução de custo ou produtividade”, completa Lucas Foster ao analisar a participação da economia criativa no desenvolvimento do país.
Com informações do Estadão