Jair Bolsonaro (sem partido) recorreu a uma suposta carta de suicídio para, mais uma vez, se posicionar contra medidas de isolamento social, como o fechamento do comércio não-essencial e o toque de recolher. A leitura da carta ocorreu nessa quinta-feira (11), durante live semanal transmitida em suas redes sociais.
Depois de ler um trecho da carta que teria sido escrita por um feirante de Salvador, Bolsonaro disse que a culpa é do fechamento dos comércios, que está sendo mais danoso do que a Covid-19. Nessa quinta, o Brasil registrou mais de 2 mil mortes pelo segundo dia consecutivo.
“O efeito colateral do lockdown está sendo mais danoso que o próprio vírus. Devemos estimular, sim, fazer uma campanha para o idoso ficar em casa, para quem tem doenças e comorbidades, ficar em casa. E o resto, pessoal, tomar as medidas que estão sendo usadas no momento e vamos trabalhar, pô!”
Na semana passada, também durante live semanal, Bolsonaro riu ao ao comentar um suposto aumento de suicídios na pandemia. “Fevereiro de 21… (risos). Pode sorrir, Tarcísio, pode sorrir, tem problema não. A coisa é séria, pessoal. Gazeta do Povo: ‘Depressão e suicídio entre jovens aumentam durante a pandemia”, afirmou o presidente, rindo, ao lado de Tarcísio Freitas, ministro da Infraestrutura.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem um manual para profissionais de mídia sobre como fazer a abordagem de suicídios na imprensa. O documento recomenda não divulgar cartas ou fotografias da pessoa que morreu. Também orienta a não dar explicações simplistas, fazer sensacionalismo sobre o caso ou descrever detalhes sobre o método utilizado.
Em boa parte da transmissão, Bolsonaro também fez críticas recorrentes a medidas de lockdown decretadas por Estados, em especial por São Paulo e pelo Distrito Federal, e classificou essas ações como “estado de sítio” e “crime”. O presidente chegou a “convidar” chefes do Executivo estadual para irem às ruas e, mais uma vez, pediu para que brasileiros fossem ao trabalho.
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Bolsonaro ainda chegou a pedir apoio da população para lutar contra medidas rigorosas de isolamento social. “Quanto mais atiram em mim de forma covarde por parte da sociedade, mais você está enfraquecendo quem pode resolver a situação. Como é que eu posso resolver a situação? Eu tenho que ter o apoio”, concluiu.
Eduardo Bolsonaro expõe o corpo do feirante
Repetindo o gesto do pai, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) publicou nas redes sociais no fim da quinta-feira a foto de uma suposta carta suicida e do cadáver de um trabalhador endividado. Hoje pela manhã, o parlamentar já havia excluído a postagem após a comoção imediata dos usuários, que estão cobrando a reação do Twitter e do Facebook.
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Entre as regras e políticas de uso da rede social, há um tópico que se dedica especialmente à políticas de automutilação e suicídio. Segundo o Twitter, não é permitido promover nem incentivar o suicídio ou a automutilação. Além disso, também é proibido compartilhar mídias que apresentem conteúdo com violência gratuita.
Com informações do jornal O Estado de S. Paulo e O Globo