A Embaixada da China no Brasil tem pressionado o Itamaraty para afastar o assessor especial da Presidência, Filipe Martins, do cargo. Representante do olavismo e integrante ativo do núcleo ideológico do governo, o palaciano é acusado de crime de racismo.
Martins foi intimado pelo Ministério Público Federal (MPF) a prestar esclarecimentos sobre um gesto de supremacia branca que fez durante uma audiência pública no Senado. A reunião era transmitida ao vivo e ouvia o então ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre a inoperância do Itamaraty na busca por vacinas contra a Covid-19.
A informação foi publicada na coluna da jornalista Bela Megale, do jornal O Globo, na edição desta segunda (10). Ela também apurou que parlamentares e membros do Itamaraty já informaram ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a insatisfação da embaixada chinesa com Martins.
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Como assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, os discursos do governo contra a China e outros países considerados ideologicamente adversários do Brasil têm o dedo de Martins. Deste modo, a permanência dele no cargo prejudicaria ainda mais as relações Brasil-China.
Filipe Martins cometeu crime de racismo
As investigações conduzidas pela Polícia do Senado concluíram que houve intencionalidade no gesto com conotação racista feito por Filipe Martins durante uma audiência pública. O assessor especial da presidência foi indiciado no artigo 20 da lei 7.716/1989, que prevê reclusão de uma a três anos, além de multa.
O artigo prevê, ainda, um agravante que pode eleva a pena para cinco anos de reclusão, caso o crime seja cometido através de meio de comunicação. No caso, o gesto foi realizado durante uma transmissão ao vivo, tanto pelo youtube, quanto por canais de televisão.
A Polícia do Senado encaminhou o relatório ao MPF que dará andamento ao caso.
China é importante para o multilateralismo
A importância da China para o multilateralismo foi reconhecida pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres. Em uma conversa com o presidente da China, Xi Jinping, na semana passada, Guterres manifestou a admiração pelos êxitos alcançados na erradicação da pobreza entre os chineses. Ele também elogiou apoio chinês ao multilateralismo e ao trabalho da ONU, além da postura adotada no país com o estabelecimento de metas para conter as mudanças climáticas globais.
“A ONU espera desenvolver uma cooperação mais estreita com a China em relação à manutenção da paz e da segurança mundial, proteção da biodiversidade e respostas às mudanças climáticas, assim como ajuda a países em desenvolvimento para alcançar o desenvolvimento sustentável.”
António Guterres
O secretário-geral também agradeceu ao país chinês pelo empenho na distribuição de vacinas entre países em desenvolvimento e na promoção da recuperação econômica mundial.
Com informações do jornal O Globo e do Brasil 247