
Os Estados Unidos querem reprimir criminosos ambientais por trás do aumento do desmatamento na Amazônia brasileira. A tática do país norte-americano será usar de penalidades como sanções e veto a vistos para enfrentar as mudanças climáticas de forma mais agressiva, disseram fontes e autoridades à Reuters.
O plano representa uma grande mudança na estratégia de Washington para combater o aquecimento global, acrescentando sanções diretas ao kit de ferramentas que já tem incentivos fiscais, alertas diplomáticos e acordos multilaterais complexos e lentos.
O desmatamento no Brasil atingiu uma alta de 15 anos durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), que reverteu medidas de proteção ambiental e pressionou por mais mineração e agricultura comercial na Amazônia.
Leia também: Desmatamento atinge a segunda pior marca em 15 anos, diz Imazon
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que assume em 1º de janeiro, já prometeu acabar com o desmatamento na COP27 no Egito na semana passada. Em conversas com autoridades norte-americanas, Lula e seus aliados enfatizaram seu foco no combate às mudanças climáticas.
As sanções norte-americanas seriam no âmbito da Lei Magnitsky, que tem o objetivo de punir acusados de violações de direitos humanos no mundo todo. Elas podem congelar ativos nos EUA e impedir que estadunidenses e empresas dos EUA realizem transações com indivíduos e entidades sancionadas.
O Departamento do Tesouro dos EUA, que é responsável pelas sanções Magnitsky, se recusou a comentar. O Palácio do Planalto e o Ministério da Justiça e Segurança Pública não responderam a pedidos de comentários.
EUA quer força tarefa internacional contra desmatamento
O plano dos EUA começou a tomar forma em junho, na Cúpula das Américas, em Los Angeles, quando EUA e Brasil anunciaram uma força tarefa conjunta para combater o desmatamento ilegal na Amazônia, afirmou uma fonte norte-americana que trabalha no plano.
Entre os objetivos do grupo está o “desincentivo ao uso do sistema financeiro em associação com atividades ilegais com produtos florestais”, de acordo com uma nota do Departamento de Estado dos EUA na época.
Uma outra autoridade norte-americana com conhecimento do plano disse à Reuters que Washington está buscando penalizar grandes desmatadores e autores de outros crimes ambientais, como o garimpo ilegal.
Autoridades norte-americanas no Brasil e nos EUA disseram que já começaram o processo de identificar e investigar alvos específicos, segundo a fonte, com punições potenciais que vão desde vetos a vistos até as sanções Magnitsky.