Os EUA têm emitido uma série de alertas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) diante das constantes ameaças que têm feito à democracia. Agora, uma emenda apresentada pelos parlamentares foi mais categórica e prevê cortes de recursos daquele país para as Forças Armadas brasileiras caso decidam embarcar na ameaça golpista do atual mandatário brasileiro.
A emenda, que também prevê a suspensão de parcerias, foi incluída no projeto do Orçamento dos Estados Unidos.
As informações são da BBC News Brasil, que apurou junto aos congressistas daquele país que os militares brasileiros têm emitido “sinais preocupantes” de interferência no processo eleitoral brasileiro, o que para os parlamentares traz mais instabilidade para América Latina e, consequentemente, para os interesses dos EUA, inclusive, se segurança nacional.
Apesar de não haver grandes expectativas de aprovação da emenda, foi considerada uma importante mensagem do partido Democrata, do presidente Joe Biden, de que o país está acompanhando o processo eleitoral no Brasil com atenção.
Essa sinalização se soma a várias outras que têm sido enviadas a Bolsonaro.
Em junho, após o vazamento do pedido de ajuda feita por Bolsonaro Biden, para derrotar Lula (PT) nas eleições – visto como alta traição ao país por muitos -, um porta-voz oficial da Casa Branca afirmou à BBC News ter “total confiança” no sistema eleitoral do país. O pedido foi feito na última semana, durante a Cúpula das Américas, em Los Angeles.
“Falando amplamente, temos total confiança no sistema eleitoral do Brasil. Em uma democracia consolidada como a brasileira, esperamos que os candidatos respeitem o resultado constitucional do processo eleitoral”, afirmou esse porta-voz.
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Recados da Cia
Um pouco antes, em maio, a Reuters revelou que o mais alto funcionário do governo Biden a se reunir com Bolsonaro até então, o diretor da Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), William Burns, teria mandado recado ao presidente brasileiro para que não conteste o sistema de votação no país antes das eleições de outubro, segundo informações divulgadas pela agência Reuters.
O recado de Burns teria sido dado a portas fechadas durante reunião em julho do ano passado. Duas pessoas confirmaram a informação sob condição de anonimato. Nos EUA, uma terceira pessoa disse que o recado teria sido dado a assessores de Bolsonaro, para alertar o presidente brasileiros sobre as críticas às urnas eletrônicas.
À BBC, Nick Zimmerman, consultor sênior do Brazil Institute, do Wilson Center, e ex-auxiliar da Casa Branca para política externa na gestão de Barack Obama, afirmou que a palavra é “preocupação”.
“A palavra em voga sobre Brasil em Washington é preocupação. Não é à toa que temos visto esses vazamentos e declarações. A administração Biden tem deixado clara as suas preocupações publicamente”, afirmou.
Zimmerman recepcionou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, que fez uma palestra em Washington onde afirmou que “nós poderemos ter um episódio ainda mais agravado do 6 de janeiro daqui do Capitólio”.
Já Bolsonaro, voltou a incitar seus apoiadores.
“Não preciso dizer o que estou pensando, mas você sabe o que está em jogo. Você sabe como você deve se preparar, não para o novo Capitólio, ninguém quer invadir nada, mas sabemos o que temos que fazer antes das eleições”, disse na live da última semana.
O que gerou ainda mais preocupação, principalmente, após o assassinato de Marcelo Arruda pelo bolsonarista Jorge Guaranho, em Foz do Iguaçu.