
O PL, partido de Jair Bolsonaro, conseguiu mais que angariar políticos. Com o fim da janela para troca de partido, reuniu também um ‘exército de tuiteiros’ da extrema direita.
Um levantamento feito pelo jornal O Globo mostra que apenas os parlamentares do PL somam mais de 16,2 milhões de seguidores. O número é maior que o PT, que ocupa o segundo lugar, com 5,3 milhões.
Além do PT, a extrema direita tem mais seguidores nas redes sociais que os principais partidos que devem lançar candidatos à presidência. Ciro Gomes (PDT), tem 842 mil seguidores; João Doria (PSDB), 3 milhões; e Simone Tebet (MDB), 1,5 milhão.
E o trabalho articulado do ‘exército de tuiteiros’ da extrema direita reposicionada já começou.
Após o PSB indicar o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ser indicado pelo PSB para ser o vice de Lula nas eleições, recuperaram e disseminaram um vídeo antigo em que Alckmin faz críticas ao petista.
Porém, tanto Lula quanto Alckmin fazem questão de ressaltar que embora tenham sido adversários no passado, nunca foram inimigos. Ao contrário do que prega a extrema direita, defendem a união para pôr fim aos retrocessos impostos ao país pelo bolsonarismo.
Batalha das narrativas
“A direita se organizou muito para vencer esses debates. Sem acesso aos meios de comunicação de massa, entendeu que a presença nas redes era necessária. E ajuda o fato de eles terem um discurso replicável, fácil de virar meme, bom para ganhar eleição. Eles construíram isso ao longo de anos”, analisa ao O Globo o diretor adjunto da consultoria Bites, André Eler.
O levantamento do jornal mostra que entre os dez deputados federais com mais seguidores no Twitter, sete são do PL. Em primeiro lugar, Eduardo Bolsonaro, com 2,2 milhões.
Carla Zambelli (SP) tem 1,5 milhão; Bia Kicis (DF), 1,1 milhão; e o ex-ministro Onyx Lorenzoni (RS), com 933 mil.
Aparecem também entre os primeiros colocados Marcos Feliciano, com 734 mil seguidores; Luiz Philippe de Orleans e Bragança, com 654 mil, e Carlos Jordy com 634 mil.
Enquanto isso, os demais parlamentares têm em média 70,4 mil seguidores.
Pelos cálculos do O Globo, enquanto a legenda representa 14% dos parlamentares, concentra 39% dos seguidores entre os pares presentes no Twitter.
Marcelo Freixo lidera alcance da esquerda
O pré-candidato ao governo do Rio, Marcelo Freixo (PSB), aparece em segundo lugar na lista, com 1,8 milhão de seguidores. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), está na sexta posição, com 886 mil.
Por fim, Kim Kataguiri (União Brasil-SP), completa a lista com 659 mil seguidores. Ele é uma das lideranças do MBL, movimento com forte atuação nas redes e que, embora tenha rompido com o bolsonarismo, foi um dos apoiadores de Bosonaro, em 2018.
“É uma rede muito própria para disseminação de conteúdo, fazendo com que seja muito politizada. O Instagram é usado para mostrar imagens bonitas, e o Linkedin é muito voltado para questões profissionais. O TikTok ainda é muito para diversão, enquanto o Facebook tem aquela coisa de criação de comunidades, de ver as publicações da família. Já no Twitter, as pessoas estão mais dispostas a mostrar suas opiniões”, acrescenta Eler ao O Globo.
O levantamento mostra ainda que dos 594 deputados e senadores eleitos, 568 (95,6%) estão no Twitter. Apenas 26 não têm conta na plataforma.
Outros três estão suspensos. O deputado Daniel Silveira (União Brasil-RJ), Otoni de Paula (PSC-RJ) e Vinícius Farah (MDB-RJ).