Minutos após os ataques de Jair Bolsonaro às eleições e à democracia brasileira na reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, fez um discurso duro na tarde desta segunda-feira (18), na abertura de um evento da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná. Ele convocou a sociedade civil a reagir contra o golpe em articulação por Bolsonaro: “a sociedade civil, além da Justiça Eleitoral, precisa fazer a sua parte na garantia de que a democracia seja preservada”.
O presidente do TSE rebateu as acusações de Bolsonaro e alertou o país para o fato grave de um presidente da República buscar “o envolvimento da política internacional e também das Forças Armadas” em acusações contra o processo eleitoral.
No seu discurso, de 40 minutos, Fachin desnudou a marcha batida de Bolsonaro para o golpe de Estado ao afirmar que as acusações presidenciais “violam as bases históricas do contrato social da comunicação, assim como premissas manifestas da legalidade constitucional”.
Fachin acusou Bolsonaro, sem mencionar seu nome, de um “inaceitável negacionismo eleitoral” e disse aos advogados que é preciso dar um ‘basta à desinformação e ao populismo autoritário”.
O presidente do TSE classificou a apresentação do presidente, de tentativa de “sequestrar a ação comunicativa e sequestrar a opinião pública e a estabilidade política”.
Veja um trecho do discurso de Fachin:
Militares e o vexame golpista
O vexame protagonizado por Bolsonaro no encontro com embaixadores, que pode resultar até mesmo em crime eleitoral e deixá-lo inelegível, foi obra dos generais Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria-Geral da Presidência; Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira; ex-comandante do Exército que está à frente da Defesa; e Walter Braga Netto, ex-ministro e pré-candidato a vice na chapa que concorre à reeleição. Além deles, o tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, teria organizado o evento.
Segundo reportagem da CNN Brasil, coube ao tenente-coronel a incumbência de preparar a apresentação em Power Point, que traz na capa um erro crasso de inglês, ao grafar briefing como “brienfing”. O militar é filho do general Lorena Cid, que exerce um cargo de confiança no escritório em Miami da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).
Por Mauro Lopes