A apressada reforma ministerial deflagrada por Jair Bolsonaro (sem partido) indica que o recado do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), na semana passada, surtiu efeito. Além da demissão de Ernesto Araújo, do Ministério das Relações Exteriores, o presidente colocou a deputada Flávia Arruda (PL-DF) na Secretaria de Governo.
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Flávia é apadrinhada de Lira e foi eleita este ano para presidir a poderosa Comissão Mista de Orçamento (CMO) sem dificuldades. Foi a primeira vez que uma deputada assumiu o comando da comissão. Com a chegada da deputada no Palácio do Planalto, os parlamentares analisam que Bolsonaro tenta “quitar” dívidas com o Centrão.
Oposição comenta Flávia Arruda no governo
O deputado federal Camilo Capiberibe (PSB-AP) comentou a indicação da deputada Flávia Arruda em postagem nas redes sociais. O socialista destacou que o presidente entregou na bandeja a cabeça de Araújo para manter o elo com o poder político.
O deputado Ivan Valente (PSol-SP) também comentou os rearranjos ministeriais do presidente Bolsonaro anunciados nesta segunda. Ele destacou que as trocas de ministros acendem sinais de alerta de que está em curso uma radicalização ainda maior.
Já o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) avaliou que Bolsonaro está acuado e na defensiva e que a reforma ministerial aciona o “botão anti-impeachment”.
Articulações miram 2022
A chegada de Flávia Arruda na interlocução política do governo também tem sido vista como uma aproximação com o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, para uma possível aliança para 2022.
Nesta terça-feira (30), após anúncio do nome da deputada, Costa Neto, condenado no mensalão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, visitou Bolsonaro. De acordo com informações divulgadas pela imprensa, tratou-se de uma visita de cortesia motivada pela indicação da deputada do partido ao cargo.
Além do “afago” a Lira, Bolsonaro diminui a queixa sobre a ausência do PL na Esplanada. Em 2020, Costa Neto já havia conseguido emplacar nomes na presidência do Banco do Nordeste e na diretoria do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), mas faltava cargo na Esplanada dos Ministérios. Ao lado do PP, o PL forma o núcleo duro da base do governo no Congresso.