por redação Socialismo Criativo em 13/02/2019
A popularização da internet e dos smartphones garantiu um nicho para os comunicadores deste início do século XXI.
A deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), em uma visita a localidade Vila Verde, em Salvador, comunicou a um grupo de jovens que tinha a pretensão de viabilizar cursos profissionalizantes para o bairro. Dentre todos, ela citou, como exemplo, o curso de garçom, ao que um jovem respondeu: “Ah, eu não quero ser garçom, não. Eu quero ser youtuber”.
As configurações sociais vêm adaptando-se às transformações tecnológicas e formatando novas ocupações, ampliando as perspectivas de renda. Profissões mais tradicionais estão dividindo interesses com as de youtubers, vlogueiros, influenciadores digitais. Esses novos agentes estão movimentando valores milionários através das redes sociais e são a bola da vez para o merchandising.
Desde 2005, quando o site Youtube foi lançado, além de assistirem a vídeos pelo computador, as pessoas tiveram oportunidade de oferecer seu próprio conteúdo para ser consumido por outros internautas. Receitas culinárias, sugestões de moda, dicas sobre games, novidades na área da tecnologia. Foram surgindo, assim, aquelas referências para determinados temas, comentadores de pautas político-sociais, canais de humor.
O Parafernalha, lançado em 2011, foi o primeiro canal de comédia brasileiro que atingiu dois milhões de inscritos. Seu criador, Felipe Neto, é, ainda hoje, um dos youtubers que mais movimenta as redes sociais. Há, também, Kéfera Buchmann, que começou a publicar seus primeiros vídeos em 2010, no canal batizado de 5inco Minutos. Hoje, sua carreira profissional inclui as funções de escritora e atriz.
Em 2013, surgiu Whindersson Nunes, fazendo comentários bem-humorados sobre filmes e músicas que fossem o sucesso da vez e trazendo referências de relações cotidianas. Tornou-se, assim, o maior em número de seguidores no Youtube em 2016, perdendo a posição, somente dois anos depois, para um canal de música, o KondZilla, que publica videoclipes de funk paulista.
Outros nomes que fazem sucesso na internet são Carlinhos Maia, com as histórias da vila onde mora, Gkay (Gkay), Jout Jout (JoutJout Prazer), Gabi Oliveira (DePretas) e Nátaly Neri (Afros e Afins). Cada um com seu perfil, esses profissionais da era digital, que estão também em outras redes sociais como Facebook e no Instagram, têm ganhado público a ponto de se tornarem referências ou – como são mais conhecidos – influenciadores digitais (digital influencer).
Com números bilionários de acesso aos conteúdos no Youtuber, Instagram e Facebooker, essas novas celebridades movimentam, além de valores pagos por acesso a seus canais, montantes de acordos com patrocinadores. Empresas de telefonias, de roupas, perfumarias, grandes marcas dos mais diversos produtos que perceberam, nesse nicho, um alcance que, antes, só era obtido pela televisão aberta.
A popularização dos smarthphones possibilitou o aumento do número de acesso à internet. Cerca de 55% das visualizações aos vídeos dos influenciadores são feitas por esses aparelhos. O efeito em cadeia do acesso às tecnologias da informação e comunicação (TIC) vem gerando dividendos nos mais diversos campos da sociedade e, ao possibilitar a nova profissão dos comunicadores da era digital, agências de marketing vão buscando maneiras de trabalhar a imagem de produtos e clientes para os recentes públicos-alvo.
Regulamentação da profissão
Diante das transformações que estão formatando o mercado da Comunicação, no final de 2018, o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), apresentou o Projeto de Lei 10.937/2018, que previa a regulamentação do ofício de Influenciador Digital Profissional. Entre outras coisas, o texto propôs a determinação de jornada de trabalho de 30 horas semanais, 45 minutos de intervalo para almoço e pagamento de hora extra pelo contratante.
A lei valeria para os casos em que os youtubers, instagrammers ou facebookers exercessem tais atividades sob regime de contrato com uma empresa. Apesar de muitos dos que assinam, hoje, como digital influencer terem vertentes humorísticas, propostas de entretenimento ou testarem produtos, por exemplo, o texto do PL falava em Código de Ética dos Jornalistas servindo como referência para ser seguido pelos comunicadores das redes sociais. Por enquanto, o projeto não seguiu adiante e as celebridades da internet continuam produzindo seus conteúdos e movimentando cifras.