
Nesta terça-feira (9), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, disse que a ação sobre a parcialidade do ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro, pode ser julgada na semana seguinte ao Carnaval. A declaração foi dada em entrevista ao portal Jota. “Estou pensando em julgar isso depois do carnaval”, afirmou.
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Segundo Gilmar, são muitos graves as acusações. “Isso tudo indica uma fase do Brasil. A esta altura, quero entender como permitimos isso acontecer. Quanto mais a gente aprofunda, há dois dias parei de ler as coisas e me senti perturbado. São informações desorientadoras. É uma avalanche. Quero saber o que fizemos de errado para que institucionalmente produzíssemos isso, um setor que cria sua própria Constituição e opera seguindo seus sentimentos de justiça”, disse.
A ação, que pode anular o processo em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado no processo do triplex, foi interrompida em 2018 por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. Na época, votaram contra a suspeição de Moro os ministros Carmen Lucia e Edson Fachin. Faltam votar, além de Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Nunes Marques.
Críticas a Moro
Gilmar Mendes também criticou a proximidade entre os procuradores da força-tarefa e Sergio Moro, na esteira da divulgação de novos diálogos obtidos pela Operação Spoofing. “O Russo, que é o Moro, segundo eles afirmam, criou o seu próprio Código de Processo Penal, que eles chamam de Código de Processo Penal da Rússia. Sabiam que estavam fazendo uma coisa errada, mas fizeram com o sentimento de que tudo estava coberto”, afirmou durante a entrevista.
Gilmar também apontou a responsabilidade de parte da imprensa brasileira pelo comportamento dos procuradores, sob a chefia de Deltan Dallagnol. Isso, porém, não afasta a responsabilidade do Judiciário, incluindo o STF, segundo o ministro.
“Aí também vem um papel da mídia. Isso não teria ocorrido sem a participação da mídia e sem a cobertura… No sentido mais chulo da expressão, [sem] a bandagem que se ofereceu, isso não teria ocorrido”, acrescentou Gilmar. “Tudo o que foi revelado nos enche de constrangimento”.
Com informações da CNN Brasil