O pedido de mais verba pela Secom foi feito no início de junho, antes de Bolsonaro reformular a área do governo e re criar o Ministério das Comunicações

Diante da crise política e ascensão nos índices de rejeição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a Secretaria de Comunicação (Secom) pediu a liberação ainda neste ano de R$ 325 milhões para gastar em publicidade e em relações públicas. O pedido foi feito no início de junho, antes do governo recriar o Ministério das Comunicações.
O valor pedido é mais do que o dobro previsto no atual orçamento de 2020 para ações de comunicação, cerca de R$ 138,1 milhões. A Secom justifica o pedido por mais recurso sob o argumento da pandemia do novo coronavírus.
“Tais providências são determinantes para que a Secom, no contexto de enfrentamento do Brasil à pandemia do Covid-19, tenha condições de cumprir com sua missão de promover a comunicação do governo federal com a sociedade e ampliar o acesso às informações de interesse público”, diz o documento.
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Porém, com a rejeição do presidente atingindo 44% dos brasileiros, a tentativa de recuperar a imagem do governo, abalada por uma sucessão de crises provocadas por decisões tomadas por Bolsonaro e sua equipe, parece ser o maior motivador do aumento da verba.
Corrigir “opiniões distorcidas”
A recriação do Ministério das Comunicações, controlado por Fábio Faria (PSD), mostrou a insatisfação do presidente Jair Bolsonaro com a maneira com que o governo é retratado no país e no exterior.
Na quinta (2) passada, ao participar da primeira reunião virtual de cúpula de presidentes do Mercosul, Bolsonaro afirmou que o governo está procurando corrigir o que chamou de “opiniões distorcidas” que arranharam a imagem do país no exterior.
“Nosso governo vai desfazer opiniões distorcidas sobre o Brasil, mostrando ações que temos tomado em favor da floresta amazônica e do bem-estar das populações indígenas.”
Nos bastidores do Planalto e da ala militar do governo, a avaliação é que o discurso ideológico contaminou a comunicação oficial, especialmente no exterior, causando danos à imagem do país.
Com informações da Folha de S. Paulo.