
O ministro da Economia, Paulo Guedes, atacou o funcionalismo público e fugiu da audiência para debater a proposta de Reforma Administrativa encaminhada ao governo ao Congresso Nacional. A reunião foi promovida nesta terça-feira (11) na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara.
A presidente da CCJC, a bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF), encerrou a audiência pouco antes das 14h antes que parlamentares inscritos pudessem questionar o ministro. Os deputados protestaram contra a decisão de acobertar Guedes.
Guedes ironiza perguntas sobre “Bolsolão”
Guedes foi questionado repetidas vezes sobre a denúncia de que existe um “orçamento paralelo” de R$ 3 bilhões para garantir apoio de parlamentares ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido). O escândalo foi apelidado de “Bolsolão”. O ministro desviou do tema, mas não se furtou em retrucar com ironias.
“Negócios e escândalos em estatais não são especialidade deste governo, mas de outros. Parece que isso não nos atingiu ainda, vamos ver.”
Paulo Guedes
Guedes declarou que a mistura entre política e economia está no cerne dos grandes escândalos de corrupção da história brasileira. “Quanto mais influência política o equipamento econômico tiver, maior o desafio da corrupção. Não pode quem controla o poder político também controlar o poder econômico. Essa degeneração das práticas vem da mistura de política com economia”, avaliou.
Guedes ataca funcionalismo público
O ministro da Economia comparou servidores públicos que ingressam nos cargos por concurso a militantes políticos.
“Poderíamos, assim como outros governos, estar abrindo concursos públicos, colocando gente para dentro, para aparelharmos o Estado e termos bastante militantes trabalhando para nós no futuro. Não estamos pensando assim, estamos pensando nas gerações futuras.”
Paulo Guedes
Socialistas são contra a Reforma Administrativa
O deputado federal Gervásio Maia (PSB-PB), mostrou todo seu descontentamento a respeito da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 32/20).
O socialista avalia que a PEC é inconstitucional e , caso seja aprovada, o presidente poderá extinguir órgãos como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e ministérios e também esvaziaria o Parlamento. Para Maia, a PEC fere o princípio da separação dos Poderes ao conceder super poderes ao presidente da República.
O parlamentar relembrou quando Guedes chamou os servidores públicos de ‘’parasitas’’. Ele comentou que quando setor privado teve que parar por conta da pandemia do coronavírus, quem sustentou o Brasil foram os servidores públicos.
Em vídeo, Maia se posiciona contrário à proposta de mudança na Constitiução. “A Reforma Administrativa muda de forma injusta, equivocada e irresponsável as regras atuais”, opinou.
O deputado federal Bira do Pindaré (PSB-MA) comentou sobre a atitude do ministro da Economia. “Paulo Guedes fez aquilo que é especialista: fugiu das respostas, desrespeitou parlamentares e mentiu do começo ao fim”, criticou.
Sobre a PEC 32
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/20, do Poder Executivo, altera dispositivos sobre servidores e empregados públicos e modifica a organização da administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. A ideia é dar início a ampla reforma administrativa com efeitos no futuro.
Chamada pelo governo de PEC da Nova Administração Pública, a proposta altera 27 trechos da Constituição e introduz 87 novos, sendo quatro artigos inteiros. As principais medidas tratam da contratação, da remuneração e do desligamento de pessoal, válidas somente para quem ingressar no setor público após a aprovação das mudanças.
Com informações da Agência Câmara e DCM