Uma base da Fundação Nacional do Índio (Funai) foi cercada na quinta-feira (19) por um grupo de invasores na terra indígena Apyterewa, localizada às margens do rio Xingu, no Pará. A região é historicamente marcada pela presença de madeireiros, que invadem a terra indígena para extrair madeira.
Até ontem, havia cerca de 40 agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Força Nacional na região. A equipe faz uma operação na área há mais de uma semana, para combate de desmatamento. Essa operação está em andamento. A tomada da base pelos invasores é uma reação ao trabalho desses agentes.
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De acordo com informações do jornal Estadão, o Ministério da Justiça já acompanha o caso e prometeu enviar, nesta sexta-feira (20), cerca de 40 homens da Força Nacional ao local para reforçar o trabalho.
Estrada bloqueada
Os invasores bloquearam uma estrada, impedindo a passagem dos servidores. Para evitar conflito, um grupo do Ibama permanece na floresta e não voltou à base. Há um clima de tensão no local, por isso será enviado reforço policial.
Questionado sobre a situação assunto, o Ibama confirmou o envio de mais equipes, com apoio da Força Nacional. A Funai informou que não comentaria o assunto, porque se trata de uma operação do Ibama.
Terra é alvo de madeireiras
A terra indígena Apyterewa tem 773 mil hectares e uma população de 729 indígenas, segundo informações do Instituto Socioambiental (ISA).
As terras indígenas são as áreas mais cobiçadas pelo mercado ilegal de madeira porque é dentro dessas áreas que estão as árvores mais nobres, justamente por serem terras demarcadas e conservarem a natureza.O mesmo acontece em unidades de conservação, florestas protegidas que são mantidas pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio).
Vídeos da invasão circulam na internet
Vídeos gravados pelo grupo de invasores que circulam pela internet mostram os homens queimando uma ponte e bloqueado a estrada, para impedir a passagem dos agentes do Ibama, que atuam armados nessas operações, com poder de polícia.
Há mulheres e crianças entre os invasores. Eles afirmam ser trabalhadores e pedem que o Ibama deixe o local. Em um dos vídeos, uma das pessoas afirma ao servidores do Ibama: “Vocês estão trabalhando para o Lula ainda? O Lula já foi, rapaz. O Lula já foi. Nós não vamos recuar não. Nós somos trabalhadores.”
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A atuação de agentes do Ibama e ICMBio nas florestas é tema recorrente de críticas do presidente Jair Bolsonaro, que já fez diversas reclamações sobre apreensões e destruição de equipamentos usados em roubo de madeira e garimpo ilegal.
Com informações do Estadão