Um grupo composto por judeus e judias, entre intelectuais, advogados e políticos, lançará na terça-feira (5) um manifesto contra Jair Bolsonaro (PL) e de apoio a Lula (PT) nas eleições deste ano. No documento, que será divulgado em evento transmitido online, os signatários falam em “derrotar simpatizantes do nazismo” e pregam voto na chapa Lula-Alckmin já no primeiro turno.
Segundo o texto do manifesto, há risco de Bolsonaro tentar um golpe militar para se perpetuar no poder.
“O voto em uma terceira via é o mote que Bolsonaro precisa para ir ao segundo turno. E se houver um segundo turno, o próprio candidato acena para a possibilidade de um golpe militar. E trabalha por ele. Daí a importância de que todos os democratas, judeus e não judeus, votem de maneira a impedir um segundo turno. Temos a obrigação e o desafio de derrotar o fascismo e os simpatizantes do nazismo“, diz um trecho do documento.
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O manifesto tem entre seus signatários os professores da USP André Singer e Raquel Rolnik, o advogado Alberto Toron, o vereador Daniel Annenberg e inúmeros outros nomes.
“Há quatro anos, durante a campanha eleitoral, o ovo da serpente já era visível. O candidato Jair Bolsonaro deixava muito claro que não era um extremista qualquer. Em suas declarações, mostrava seu desprezo pelas mulheres, negros, indígenas, LGBT+, todas as minorias e sua disposição de combater —se possível destruir— tudo que não estivesse de acordo com o seu estilo de vida miliciano, saudoso do fascismo. Lamentavelmente, muitos se deixaram seduzir por um discurso pro-Israel”, afirmam ainda.
Leia abaixo a íntegra do manifesto
“Há quatro anos, durante a campanha eleitoral, o ovo da serpente já era visível. O candidato Jair Bolsonaro deixava muito claro que não era um extremista qualquer. Em suas declarações, mostrava seu desprezo pelas mulheres, negros, indígenas, LGBT+, todas as minorias e sua disposição de combater —se possível destruir— tudo que não estivesse de acordo com o seu estilo de vida miliciano, saudoso do fascismo. Lamentavelmente, muitos se deixaram seduzir por um discurso pro-Israel.
De outra parte, muitos de nós, judeus, não se deixaram enganar pelo canto da sereia. Estivemos na porta do clube Hebraica-RJ, gritando em alto e bom tom, “não em nosso nome”, quando ele pronunciou um de seus discursos mais abertamente racista e preconceituoso. Impedimos que fizesse o mesmo antes na Hebraica-SP.
Fizemos a campanha #elenão e criamos a plataforma Judeus contra Bolsonaro, que reuniu mais de 11 mil assinaturas e participou dos atos contra a candidatura extremista.
Perdemos as eleições e a barbárie tomou conta do país. Foram anos de trevas e desconstrução de direitos humanos, arrocho salarial e carestia, desprezo pela ciência, que oficialmente ceifou a vida de quase 700.000 pessoas. A fome voltou ao dia a dia de 33 milhões de brasileiros; mais de 6 mil militares foram colocados no comando de ministérios e cargos importantes do governo. O Centrão assumiu o orçamento federal e substituiu políticas públicas pela distribuição de verbas parlamentares a seus apaniguados. A Amazônia está sendo destruída e os filhos da floresta, seus defensores, assassinados. A imprensa, paulatinamente estrangulada.
Enfim chegamos ao ponto em que tudo isto pode mudar, as eleições se avizinham, embora os milicianos —de rua ou digitais— se organizem para calar as urnas e a Justiça. As urnas serão o campo de batalha e nosso voto, nossa arma. Com ele podemos devolver o Brasil a civilização. Um país de todos e para todos.
As pesquisas indicam que a eleição será decidida entre as chapas Lula/Alckmin e Bolsonaro/Seu vice. Não existe terceira via capaz de alterar esse quadro. O voto em uma terceira via é o mote que Bolsonaro precisa para ir ao segundo turno. E se houver um segundo turno, o próprio candidato acena para a possibilidade de um golpe militar. E trabalha por ele.
Daí a importância de que todos os democratas, judeus e não judeus, votem de maneira a impedir um segundo turno. Temos a obrigação e o desafio de derrotar o fascismo e os simpatizantes do nazismo.
Não se trata de um apelo partidário, muito pelo contrário, é um chamado civilizatório.
Nós, Judeus contra Bolsonaro, abaixo assinados, somos Lula e Alckmin no primeiro turno.
Venham com a gente.”