O veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a emenda do plano de saúde no projeto que reestruturou a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) motivou um abriga entre os deputados Laerte Bessa (PL-DF) e Luis Miranda (DEM-DF). Em áudio, Bessa, que faz parte da bancada da bala, criticou a decisão e afirmou que votou em Bolsonaro para que ele desse “o golpe”, o que incluiria o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF).
Bessa também não descartou o fechamento do Congresso e ofendeu Luis Miranda, que é relator da matéria na Câmara, o chamando de “estelionatário contumaz”. O conteúdo foi gravado em um áudio enviado para policiais civis. As informações são de Caio Barbiere e Carlos Carone, do Metrópoles.
“Era esperado que ele simplesmente vetasse [o plano de saúde] pelo fato de que ele estava achando que poderia cometer um crime de responsabilidade. Bom, eu não quero comentar sobre o presidente, porque ele não é isso tudo que o povo está pensando. Eu conheço ele bem e sei que ele deixou muito a desejar no comando do país. Todo mundo sabe que nós votamos nele pra ele dar o golpe, pra ele acabar com o Supremo e, se fosse o caso, fechasse o Congresso também, porque eu era totalmente a favor, e ele simplesmente se acovardou”, afirmou Bessa.
Acusações vão para o Conselho de Ética
Laerte Bessa segue com as acusações contra Luis Miranda no áudio.
“O senhor Luis Miranda, quem conhece, é um estelionatário contumaz aqui no Distrito Federal. Ele tem em torno de 12 processos, inquéritos policiais nas delegacias aqui do Distrito Federal, sem contar nos Estados Unidos. Então, o nosso pessoal colocou muita fé nele. Eu sabia que aquilo era um balão de ensaio, que era fogo, fogo na fogueira sem álcool e que nós podíamos simplesmente ter uma grande decepção no final daquele projeto que ele era o relator. Eu tinha certeza, ia sair também que os nossos policiais não acreditam em Papai Noel”, acrescentou.
Miranda anunciou que vai levar o caso ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Ele disse, ainda, que os processos contra ele foram arquivados.
“Acho um absurdo um deputado fazer isso, chamar o presidente de covarde, falar que foi eleito pra dar um golpe no STF e imputar a outro colega um crime que não existe. Eu, diferentemente dele, não agrido porteiros, não respondo a crimes absurdos como o que ele respondeu. Inclusive, crimes esses que vão contra a população. Pensem bem quem é esse senhor”, rebateu Miranda.
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“Maior inimigo”
O parlamentar afirmou ainda que Bessa é o “maior inimigo” da Polícia Civil. “Não adianta, porque você tem acesso a ele, policial civil, achar que ele é seu amigo. Ele não é seu amigo, ele é o maior inimigo da polícia civil hoje. Ontem, e foi sempre”, disse. Miranda afirmou que levará Bessa ao Conselho de Ética da Câmara. “Vou denunciá-lo criminalmente pelas mentiras que ele vem cometendo”, completou.
Ao Metrópoles, o parlamentar afirmou que processos contra ele foram arquivados e que o ex-diretor da PCDF tentou atribuir ao presidente uma tentativa de golpe contra os poderes, defendido pelo próprio Bessa. Recentemente, o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) foi preso pelo mesmo discurso.
Procurado pela reportagem, Laerte Bessa confirmou a autoria do áudio e disse que não se manifestaria sobre a gravação: “Deixa o pau quebrar”, disse.
Com informações do Metrópoles