
O líder do Governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), pediu ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que anule a convocação do ministro da Defesa, Walter Souza Braga Netto, feita por Elias Vaz (PSB-GO). O requerimento do parlamentar socialista convoca o ministro a explicar à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Casa por que as Forças Armadas compraram produtos como picanha, cerveja, bacalhau, carvão e filé de salmão a preços supostamente superfaturados.
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Socialista critica pedido do governo
De acordo com Vaz, foram encontrados indícios “claros” de valores maiores do que os praticados habitualmente no mercado. “Encontramos a compra de picanha, 13 mil quilos, no valor de R$ 84 o quilo. E alcatra a R$ 82 o quilo. São preços claramente superfaturados”, disse.
Pela redes sociais o parlamentar do PSB de Goiás criticou a intenção do governo de anular a convocação de Braga Netto. Ele disse que “o governo faz de tudo para que ele não tenha que explicar as compras absurdas de picanha, cerveja, filé, bacalhau e salmão para as Forças Armadas. Não vamos desistir!”..
Convocação de Braga Netto
A convocação de Braga Netto foi aprovada pela CFFC em 31 de março. Para o líder governista, houve “desvio de finalidade” porque o ministro teria tomado posse apenas em 6 de abril. A nomeação, porém, foi publicada no Diário Oficial com a data de 30 de março.
O deputado Ricardo Barros argumenta que o presidente da CFFC, deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), aceitou “riscar” no requerimento o nome de quem deveria ser convocado a prestar esclarecimentos.
“Diante das informações veiculadas nos meios de comunicação de que era iminente a troca no comando da pasta, o presidente daquela comissão resolveu riscar do requerimento o nome da autoridade convocada, na tentativa de que a convocação fosse redirecionada ao senhor Walter Braga Netto, que sequer havia tomado posse no cargo de Ministro da Defesa”, disse Barros.
Vaz disse que houve uma retificação para que constasse do documento somente “convocação do ministro da Defesa”, sem que o nome fosse citado. A alteração foi aceita pela maioria da comissão, mas o governo “dormiu no ponto”, afirmou o deputado ao G1.
MPF acata ação do PSB e abre investigação
Em março, o Ministério Público Federal (MPF) acatou uma representação de deputados do PSB e abriu investigação para apurar supostas irregularidades na compra milionária de cerveja, picanha e carvão pelas Forças Armadas. De acordo com pregões já homologados, o Ministério da Defesa comprou 80 mil cervejas, 714 mil quilos de picanha e 1,3 milhão de quilos de carvão.
A representação foi assinada deputados Elias Vaz (PSB-GO), Alessandro Molon (PSB-RJ), Denis Bezerra (PSB-CE), Lídice da Mata (PSB-BA), Camilo Capiberibe (PSB-AP), Bira do Pindaré (PSB-MA) e Vilson da Fetaemg (PSB-MG).
Os questionamentos não se limitam às carnes nobres e cervejas especiais compradas. Há fortes indícios de superfaturamento nas aquisições, com sobrepreço de até 60%. Em um processo de compra pelo governo, o valor unitário de uma lata de cerveja foi de R$ 4,33, enquanto o preço para o consumidor comum é de R$ 2,59.
Com informações do G1