Por Henrique Rodrigues e Julinho Bittencourt
Ex-presidentes e parlamentares de 26 países assinaram uma carta alertando para os riscos de uma “insurreição” nos atos golpistas de 7 de setembro convocados pelo presidente brasileiro Jair Bolsonaro (sem partido). Para essas lideranças, as manifestações “colocam em risco a democracia no Brasil”.
Entre os nomes pesos-pesados que referendam o documento estão o ex-presidente de governo da Espanha José Luis Rodríguez Zapatero, os ex-presidentes Fernando Lugo, do Paraguai, Ernesto Samper, da Colômbia, Rafael Correa, do Equador e o vice-presidente do Parlamento do Mercosul, Oscar Laborde, além de figuras como os intelectuais Noam Chomsky e Cornel West, dos Estados Unidos, e o Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, da Argentina.
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“Estamos seriamente preocupados com a ameaça iminente às instituições democráticas do Brasil —e estamos vigilantes para defendê-las antes e depois do dia 7 de setembro”, diz um trecho do texto, que vem acompanhado da lista de autoridades políticas signatárias, que no total somam mais de 150.
A relação de ex-chefes de governo e parlamentares de Espanha, Paraguai, Alemanha, EUA, Grécia, Colômbia, Reino Unido, França, Nova Zelândia, Austrália, Chile, Equador, Argentina, Uruguai, Guatemala, Bélgica, Suíça, Peru, Panamá, Bolívia, Itália, Costa Rica, El Salvador, México, República Dominicana e Brasil encerra a carta, que foi articulada pela Progressive International, uma rede de líderes políticos progressistas que trava uma severa luta contra a expansão do ultraconservadorismo no mundo.
Constrangidos, ministros se esquivam do 7 de Setembro de Bolsonaro
Ministros do governo Bolsonaro procuram se desvencilhar das manifestações do dia 7 de Setembro. Muitos deles, de maneira discreta, evitam até mesmo responder sobre a participação nos atos e, além disso, manifestam desacordo com o acirramento institucional e constrangimento com a forma autoritária dos protestos e a convocação feita por Bolsonaro para aderirem aos atos.
Apesar de orientados por assessores a não confrontar com a visão autoritária e golpista do presidente, muitos deles preferem falar em distensionamento. Boa parte evita até mesmo comentários em pronunciamentos e nas redes sociais sobre o convite público feito pelo presidente para eventos cuja pauta inclui a destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a adoção do voto impresso, ambos assuntos superados no Congresso. Muitos podem aceitar o convite, mas não escondem incômodo.
Bolsonaro convocou todos os ministros durante live, no último dia 26 de agosto: “Da minha parte estou convidando ministros, sem qualquer constrangimento. Quem não puder comparecer não compareça. Se tiver outro compromisso, não precisa cancelar. É para demonstrar a todos que nós estamos unidos pelo Brasil”, disse.
Os ministros se esquivaram durante toda a semana passada de responder à reportagem do Estadão se acompanhariam o presidente. Bolsonaro reforçou o convite durante evento conservador, neste sábado (4), em Brasília. “Qualquer ministro meu, qualquer um deles, ou todos eles, estão convidados a participar comigo desses eventos”, afirmou.
Bolsonaro disse que irá às concentrações de apoiadores na Esplanada dos Ministérios, no Dia da Independência, de manhã, e na Avenida Paulista, à tarde. O Estadão apurou que a equipe de segurança do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) foi colocada de prontidão para realizar os deslocamentos, embora não façam parte da agenda oficial do presidente.
Até o momento, apenas dois ministros que fazem parte do núcleo duro de Bolsonaro confirmaram participação: A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves e o ministro do Trabalho e Previdência Onyx Lorenzoni.
Com informações do Estadão